I SÉRIE — NÚMERO 18
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importante que venha também a assumir o compromisso com a transição para modelos de desenvolvimento e
de produção mais sustentáveis.
Isso porque, sem deixar de considerar positivo que o documento atual acolha já algumas das
reivindicações do PAN — como é o caso da não transferência de dinheiros públicos para o Novo Banco, o
prolongamento dos apoios às empresas, a subida do valor mínimo do subsídio de desemprego para um valor
acima do limiar da pobreza, ou até mesmo a proteção do emprego nas empresas que recebem dinheiros
públicos —, ao mesmo tempo que acolhe propostas recentemente consensualizadas com o PAN — como é o
caso da contratação de profissionais para o INEM e para o próprio Centro de Apoio Psicológico e Intervenção
em Crise ou o investimento nos hospitais veterinários universitários, com vista a garantir a necessária
prestação de apoio aos animais detidos por famílias carenciadas ou até pelas associações de proteção animal
— é preciso ir mais além, Sr. Primeiro-Ministro, nomeadamente, também naquilo que nos separa.
Podemos dar vários exemplos. Veja-se que, contrariamente ao que foi definido no último Orçamento, o
Orçamento para 2021 vem estender as metas previstas para a progressiva redução das borlas fiscais às
eletroprodutoras nas regiões autónomas e garante, também, a criação de uma nova borla fiscal às instalações
sujeitas a um acordo de racionalização dos consumos de energia. Estas, ao invés de passarem a pagar ISP
(imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos) a 100% já em 2021, vão, afinal, ter um prémio fiscal até
2025, em contraciclo, Sr. Primeiro-Ministro, com as próprias metas da descarbonização.
Para o PAN, este não é, nem pode ser, o caminho. É por isso mesmo que, em sede de especialidade,
vamos fazer um conjunto de várias propostas de alteração em matéria ambiental, desde logo, para que se
honre o que foi determinado em 2020 quanto à antecipação do fim das isenções. O que lhe perguntamos, Sr.
Primeiro-Ministro, é se o Governo vai ou não ter o arrojo de ser coerente com o compromisso da
descarbonização ou se vamos ter da parte do Governo bandeiras sem consequências práticas.
Sr. Primeiro-Ministro, nas próximas semanas, o PAN irá fazer aquilo que compete a um partido responsável
e comprometido com o País: apresentar propostas para melhorar o Orçamento e para dar as respostas que o
mesmo ainda não dá, algumas delas fundamentais para combater a crise climática, que não ficou para trás.
Há abertura, ou não, do Governo para retomar, por exemplo, a antecipação das metas das isenções do ISP
na produção de energia ou para aplicar uma taxa de carbono à navegação e aviação que reverta para o Fundo
Ambiental e que possa ser consignada à ferrovia e à mobilidade elétrica?
Há também, de alguma forma, abertura do Governo para que se possa dar proteção à biodiversidade e aos
habitats, apoiando diretamente as empresas?
Ouvimos aqui dizer que não há apoios diretos às empresas, mas não só discordamos, em certa medida,
dessa questão, como é fundamental que os fundos que aí vêm sejam utilizados precisamente para a
reconversão para modelos mais sustentáveis de produção, Sr. Primeiro-Ministro.
Por isso mesmo, precisamos de saber se está, ou não, disponível para dar passos que possam interditar,
por exemplo, a venda de produtos com microplásticos, interditar o uso de óleo de palma nos biocombustíveis
ou criar programas de incentivo que, pela positiva, levem a que, de facto, se faça a transição do ponto de vista
dos apoios às empresas e aos modos de produção agrícola para modelos mais sustentáveis, que preservem o
que temos de tão único no nosso País, os habitats, os ecossistemas e a sua biodiversidade.
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, efetivamente, temos tido oportunidade de trabalhar em conjunto e, como aqui teve a amabilidade de
reconhecer, a proposta que apresentámos acolhe já algumas das propostas do PAN.
Há outras propostas do PAN em que temos de continuar a trabalhar, agora, em sede de especialidade.
Estamos de acordo com muitas delas, algumas têm dificuldades e noutras estamos em desacordo. É natural e
é normal.
Quanto ao compromisso de fundo, quanto à prioridade das alterações climáticas, como sabe, essa é uma
das agendas fundamentais que consta do nosso Programa do Governo, é uma das quatro agendas que
inscrevemos na Estratégia Portugal 2030 e no Plano de Recuperação e Resiliência essa é uma área onde