29 DE OUTUBRO DE 2020
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planeados há anos, 19 milhões para saúde mental e 27 milhões para a rede de cuidados continuados constituem
um verdadeiro plano plurianual de investimentos no SNS.
Não que estejamos contra estas medidas, o que exigimos é que elas sejam acompanhadas de garantias da
sua execução. Mas, perante as necessidades que hoje se verificam, e num plano plurianual, não considera o
Governo que as necessidades do País exigem que se vá muito além do que está proposto?
Sr.ª Ministra, o SNS precisa de mais investimento, de mais profissionais para poder continuar a ser o garante
da saúde dos portugueses, como se revelou nesta pandemia, precisa de ser reforçado e precisa de coragem
para acabar com o saque dos grupos económicos, e a proposta apresentada não dá essa resposta.
É preciso que o Governo coloque a saúde como uma grande prioridade nacional e dê garantias de que os
investimentos são mesmo para levar por diante.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — A concluir os pedidos de esclarecimento à Sr.ª Ministra da Saúde, tem a palavra o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, que já não dispõe do seu tradicional minuto liberal, mas só
de alguns segundos.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Obrigado, Sr. Presidente. Sr.ª Ministra da Saúde, vou fazer-lhe uma pergunta rápida sobre escolhas, que é a essência da política.
Se o seu Governo não tivesse escolhido entregar 1700 milhões de euros à TAP, se o seu Governo escolhesse
entregar 1700 milhões ao seu ministério, qual seria, nesse cenário, a sua escolha, Sr.ª Ministra? Chegariam
esses 1700 milhões para acabar com os atrasos em consultas, cirurgias e exames? Chegariam esses 1700
milhões para acabar com as filas de idosos à porta dos centros de saúde e para acabar com os atrasos no
atendimento na Linha SNS 24? Chegariam para pagar e reduzir as dívidas a fornecedores e para injetar algum
dinheiro desse lado da economia? Chegariam para construir o hospital central do Algarve, que desapareceu do
Orçamento? Ou chegariam para antecipar a expansão da urgência do hospital de Évora, que arranca esta
semana para estar pronto em março, com sorte? Qual seria a sua escolha, Sr.ª Ministra?
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra da Saúde.
A Sr.ª Ministra da Saúde: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Relativamente aos nossos compromissos, eles são muito claros e vêm de trás.
Quanto aos profissionais de saúde, não posso deixar de repetir que o Serviço Nacional de Saúde contratou,
desde a anterior Legislatura até a data, mais de 20 000 profissionais de saúde. E não repito este número para,
tal como já nos acusaram no passado, repetir um mantra, mas porque, de facto, estes números estão expressos
nas folhas de assiduidade. São pessoas reais, são profissionais de saúde que estão lá, que têm um percurso
profissional e que estão disponíveis para prestar cuidados de saúde.
Se dividirmos este número pelos anos de trabalho que leva o Governo, veremos que os números que agora
querem que assumamos como compromisso não são nada de extraordinário, são apenas a continuação de um
percurso, de um percurso no reforço do SNS.
Aplausos do PS.
Portanto, é com natural tranquilidade que vos digo que sim, que vamos ter mais 4200 profissionais de saúde
neste ano e que contamos admitir mais 4200 profissionais de saúde no ano que vem, e que, sim, reafirmo que
sim, estamos a procurar o rejuvenescimento das carreiras, designadamente ao nível dos médicos, e que é por
esse facto que temos aberto mais vagas do que aquelas que se formam em termos de recém-especialistas em
cada ano, que procuramos garantir que os concursos se realizam nos 30 dias subsequentes à homologação das
notas, que quando nos pedem contratações diretas procuramos autorizá-las, que procuramos melhorar os
salários de todos, que procurámos melhorar a majoração do trabalho suplementar e que majorámos
efetivamente.