7 DE NOVEMBRO DE 2020
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no mundo inteiro, a contenção da pandemia da COVID-19, desafio que, como sabemos, está longe de ser
ultrapassado. E falo tendo disposto de condições para a ponderação que é devida à Assembleia da República
enquanto órgão de soberania, a quem compete autorizar ou não a declaração do estado de emergência.
Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, ainda antes de iniciar o debate e de dar a palavra ao
primeiro orador, recordo à Câmara que esta é a primeira sessão plenária após o dia de luto nacional em
homenagem às vítimas da pandemia da COVID-19, assinalado no passado dia 2 de novembro, um dia em
que, de forma simbólica, as portuguesas e os portugueses expressaram o seu pesar perante a trágica perda
de vidas provocada pela pandemia de COVID-19. São já mais de 2700 as vidas ceifadas por esta doença em
todo o País. É também em homenagem e por respeito a todos quantos perderam a vida, direta ou
indiretamente, por causa desta pandemia e em solidariedade para com os seus familiares e amigos que peço
que cumpramos 1 minuto de silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, vamos, então, iniciar o debate sobre o pedido de
autorização da declaração do estado de emergência. Como é norma, a sequência das intervenções será do
partido mais votado para o menos votado, intervindo o Governo no final.
Sendo assim, para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, do Grupo
Parlamentar do PS.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: A Assembleia da República é hoje convocada, uma vez mais, para autorizar a declaração do estado de
emergência, pedida pelo Presidente da República, num momento em que enfrentamos uma das fases mais
críticas da travessia tormentosa que a COVID-19 trouxe a todos os cantos do mundo.
Portugal e a Europa enfrentam hoje a dureza dos números de uma segunda vaga na evolução da
pandemia, que, infelizmente, não pode dispensar a adoção de medidas mais robustas. As próximas semanas
serão particularmente duras e difíceis, com um aumento significativo de novos casos, muito maior exigência
para os profissionais de saúde que estão na primeira linha de resposta — para quem todas as palavras de
gratidão e reconhecimento serão sempre insuficientes — e uma pressão acrescida sobre o funcionamento dos
serviços essenciais à vida em sociedade.
O contexto é, contudo, muito diferente daquele que vivemos em março e abril, quando, pela primeira vez na
história da nossa democracia, foi necessário proceder à declaração do estado de emergência e adotar
medidas particularmente duras e conducentes a um confinamento geral de todos.
Hoje temos maior capacidade de resposta no SNS (Serviço Nacional de Saúde), com mais ventiladores,
mais camas de cuidados intensivos, maior capacidade de testagem, maior celeridade na resposta da linha
SNS 24, mais profissionais de saúde. A sociedade adaptou-se, dentro daquilo que é possível, a conviver com
a pandemia, acedendo a formas de apoio disponibilizadas pelos serviços públicos. Os comportamentos
individuais da maioria dos cidadãos foram demonstrando a interiorização de que a responsabilidade e o
combate individual é de cada um.
Apesar das dúvidas que ainda temos sobre todas as consequências das sequelas da COVID-19, mesmo
nos casos menos graves, sabemos hoje melhor como se transmite e como se pode fazer frente à COVID-19 e
confirmámos também, infelizmente, a letalidade em grupos mais frágeis da população. Acima de tudo,
aprendemos com o que correu bem, com o que correu mal, com o que é necessário melhorar e, por isso,
apresentamo-nos neste debate, todos os representantes dos portugueses, com esta consciência da
importância do que hoje debatemos.
Ainda que tenham sido suficientes, até agora, para suportar a adoção de medidas e a gestão da crise, a Lei
de Bases da Proteção Civil, a Lei de Bases da Saúde e a lei de vigilância em saúde pública, elas não foram
desenhadas com este propósito específico em mente. A reflexão e o debate sobre a construção de uma
solução à medida e que tenha em conta a complexidade de uma pandemia, que deve ser aprovada pelo
Parlamento, tem, de facto, de ser posta em curso,…
Aplausos do PS.