21 DE NOVEMBRO DE 2020
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político em época de emergência sanitária, este é um dos estados de emergência que temos de acionar e é,
repito, uma vergonha — a palavra favorita do Deputado André Ventura — estarmos aqui sentados como se não
se passasse nada em Portugal, como se não houvesse ataques à democracia, como se não houvesse racismo
em Portugal,…
Protestos do CH.
… como se estivéssemos todos na mesma onda de igualdade, de desenvolvimento.
É a hora de agirmos e de não compactuarmos com aquilo que deve ser combatido neste exato momento.
O Sr. Presidente: — É a vez da Sr.ª Deputada não inscrita Cristina Rodrigues. Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Cristina Rodrigues (N insc.): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e restantes membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Começo por enaltecer a atitude de grande responsabilidade que os
portugueses têm tido face à declaração do estado de emergência. E fazem-nos, muitos deles, bem sabendo
que, ao fecharem as portas dos seus estabelecimentos, perdem rendimento que lhes é essencial para a
sobrevivência dos seus negócios, para o cumprimento das suas obrigações, para o sustento das suas famílias
em casa e para a manutenção dos postos de trabalho, pelo que importa criar condições para que os
empregadores consigam manter esses postos, evitando mais despedimentos.
Apelo a que, no caso da aprovação da prorrogação do estado de emergência, à qual votarei favoravelmente,
qualquer restrição aos direitos, liberdades e garantias acautelem os princípios da igualdade, da
proporcionalidade, adequação e livre concorrência.
As restrições impostas à circulação na via pública e ao abastecimento de bens podem comportar exceções,
não podendo, no entanto, criar vantagens competitivas entre empresas.
Os estabelecimentos que possam manter as portas abertas por venderem bens essenciais devem ficar
impedidos da venda de quaisquer outros bens. Da mesma forma, importa assegurar que alguns dos apoios aos
lojistas sejam mantidos enquanto se verificar uma quebra de rendimentos, consequente da situação pandémica,
como é o caso do regime das rendas variáveis.
Uma vez mais, relembramos que os profissionais da cultura se encontram numa situação muito precária e
de cada vez que limitamos a sua capacidade de trabalhar mais precária se torna. É por isso urgente apoiar o
setor da cultura, pelo menos isentando, nesta fase, os seus profissionais da obrigação de pagamento de
contribuições à segurança social.
Outras medidas que devem ser ponderadas é, por exemplo, o caso de as universidades passarem a ter aulas
exclusivamente online, desde que esteja assegurado que este sistema é acessível a todos os alunos e que os
serviços das faculdades se mantêm operacionais.
Apelo, por fim, e uma vez mais, à responsabilidade de todos na gestão da pandemia, já que, embora as
políticas públicas de prevenção sejam fundamentais, é também imprescindível a atuação isolada de cada
pessoa no combate a este vírus, que teve um grande impacto na vida de todos nós e só com um esforço coletivo
conseguiremos ultrapassar esta fase tão difícil.
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, pelo Governo, tem a palavra o Sr. Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
O Sr. Ministro da Administração Interna (Eduardo Cabrita): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Hoje, estamos aqui para discutir, pela quinta vez no quadro da nossa história democrática, a aplicação de medidas
excecionais, ao abrigo do regime do estado de emergência. Estamos a discutir a prorrogação da decisão tomada
há duas semanas, por iniciativa de Sua Excelência o Presidente da República, e é fundamental que a adesão
exemplar, o sentido cívico, o sentido de responsabilidade que os portugueses demonstraram ao longo destas
duas semanas sejam acompanhados pela sintonia que todos os órgãos de soberania manifestam em torno
destas medidas, indispensáveis para defender a liberdade, para defender a saúde, para defender a democracia.