I SÉRIE — NÚMERO 21
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320 propostas, que hoje trazemos à discussão, com a convicção de que, se os problemas são grandes, há
possibilidades de encontrar soluções à altura — haja vontade política!
Haja vontade política para pôr em marcha aquilo que é necessário para dar resposta a essa situação
económica e social que enfrentamos, não com a perspetiva de apenas minimizarmos os estragos mas com uma
verdadeira perspetiva de dar resposta aos problemas de fundo que estão colocados do ponto de vista sanitário
e do ponto de vista económico e social — reforço do Serviço Nacional de Saúde, alargamento e reforço da
proteção social, capacidade de os serviços públicos terem os trabalhadores de que necessitam, os meios e o
investimento adequados face às necessidades que o País enfrenta —, e poderá haver, de facto, resposta a essa
situação.
A responsabilidade está do lado do Governo e do lado do Partido Socialista. Foi o Governo que apresentou
esta proposta de Orçamento do Estado que não serve e é o Governo que tem a responsabilidade de assumir as
opções que permitam que o Orçamento se integre na resposta global aos problemas nacionais. É a essa
responsabilidade que o Governo e o Partido Socialista não podem, de forma nenhuma, fugir.
As 320 propostas que o PCP apresentou confrontarão o Governo com a necessidade de fazer essas opções
e é da parte do Governo e do Partido Socialista que está colocada a responsabilidade de dar a resposta e a
última palavra relativamente ao sentido que querem dar aos problemas nacionais.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, Os Verdes abstiveram-se na votação na generalidade, mas, como é público, não se abstiveram de trazer propostas de alteração para a especialidade.
Como referimos já, essa abstenção teve um propósito muito claro, que era o de dar uma oportunidade ao PS
para mostrar alguma abertura no sentido de acolher as propostas que Os Verdes atempadamente sinalizaram
como prioritárias para tornar este Orçamento mais robusto na resposta aos problemas do País e dos
portugueses. São propostas que incidem em áreas que, desde o início, identificámos como fundamentais, tais
como o combate à pobreza, o reforço dos serviços públicos, em particular na saúde, na educação e nos
transportes públicos, e, por fim, uma resposta séria à crise climática que enfrentamos.
Assim, e no plano social, destacamos, nomeadamente: as propostas de alteração ao complemento solidário
para idosos (CSI), no sentido de ter em consideração apenas os rendimentos do requerente ou do respetivo
cônjuge; a redução do prazo para atribuição do subsídio de desemprego e do subsídio social de desemprego
para trabalhadores por conta de outrem e para trabalhadores independentes; a atribuição do passe de transporte
gratuito às pessoas desempregadas; considerar como despesas de saúde os custos despendidos com a
aquisição de máscaras, viseiras e gel; a atribuição de apoios às micro e pequenas empresas; medidas
específicas para o setor da restauração; e um olhar atento para a agricultura familiar.
Quanto aos serviços públicos, são várias as propostas com vista ao seu fortalecimento, onde se destaca: o
reforço de meios nas unidades de saúde de cuidados primários e intensivos; a reposição das consultas e
horários nas unidades de cuidados de saúde primários; o recrutamento de profissionais para as instituições de
ensino público; e o apoio à deslocalização de docentes.
Ainda nos serviços públicos, mas a nível dos transportes, apresentamos propostas para o reforço de verbas
para os transportes públicos, mas também medidas para promover a mobilidade suave, como é o caso da
bicicleta.
No plano ambiental, e para além das várias propostas para fazer frente ao combate climático e na defesa
dos nossos valores ambientais, Os Verdes destacam: o reforço de meios humanos e técnicos para a
conservação da natureza; incentivos fiscais para favorecer a eficiência energética; a promoção das espécies
florestais autóctones; o fim dos apoios públicos às culturas intensivas e superintensivas; e, por fim, a
necessidade de se proceder a uma avaliação ambiental estratégica para aferir as melhores opções a nível
aeroportuário.
E, Sr. Deputado André Silva, sobre a avaliação ambiental estratégica do aeroporto, a julgar pelo cartaz que
ainda continua no Montijo, o PSD quer o aeroporto no Montijo, e já! Portanto, Sr. Deputado, não espere muito
do PSD relativamente à proposta do PAN sobre o aeroporto, uma proposta que, aliás, foi literalmente copiada