I SÉRIE — NÚMERO 24
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Não questiono as medidas tomadas relativamente à saúde pública, o que questiono é porque é que o
Governo não antecipou essas medidas. Assim, poderia ter previsto um pacote de apoio a estas empresas que
não fosse calculado com base na média dos 44 fins de semana anteriores, porque, ao fazê-lo, convida estas
empresas ao encerramento, à falência.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Claro!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — E isso é que não podemos admitir, porque se trata de postos de trabalho e de atividade económica, que é importante hoje e para o futuro do País.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem, novamente, a palavra o Sr. Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres.
O Sr. Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, agradeço a sua intervenção, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
Devo dizer-lhe que penso que é nossa obrigação esgotarmos a paciência — mesmo em circunstâncias em
que, porventura, desejaríamos não o fazer —, para que as medidas fiquem explicadas com o maior rigor
possível.
Protestos do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
Portanto, fazemo-lo sempre, e eu faço-o sempre, com profundo respeito pelas instituições democráticas,
como sabe.
Sr. Deputado, em relação ao Programa APOIAR.PT, a parcela mais significativa e representativa é a primeira
modalidade, para a qual a restauração é elegível, tal como são elegíveis outras atividades económicas.
Portanto, aceito e compreendo o teor da sua intervenção e da sua crítica, mas gostaria de lhe dizer que a
parcela mais significativa deste apoio já faz uma correlação entre as perdas de faturação dos três primeiros
trimestres de 2020 face ao período homólogo de 2019.
E temos de considerar os apoios do Governo, que têm sido e continuarão a ser contínuos e evolutivos, porque
eles não se esgotam nesta medida relativamente à qual as candidaturas se iniciam hoje.
Estamos a falar de mais de 750 milhões de euros a fundo perdido, uma grande reivindicação dos diferentes
setores que hoje, como o Sr. Deputado aqui mencionou, e eu acompanho, se vão legitimamente manifestar.
Este apoio também tem de ser considerado à luz de outros apoios que estão em vigor e à disposição relativa
à restauração.
Não querendo ser exaustivo, mas permitindo-me fazer esta menção: o apoio ou o mecanismo de apoio à
retoma progressiva de atividade foi revisto no mês de outubro, justamente para melhorar as condições dos
estabelecimentos potencialmente aderentes com quebras superiores a 75%, mas também para criar um novo
escalão para as quebras entre 25% e 40%, o que poderá ser muito útil para os estabelecimentos do comércio
ou da restauração que estão hoje a passar por dificuldades que evidentemente não desconsideramos.
Portanto, Sr. Deputado, penso que tem de ser considerado o conjunto dos apoios e não apenas os apoios
de forma isolada, a que mais concretamente fiz referência.
Gostaria, ainda, de sinalizar o que já tive oportunidade de dizer hoje. O Governo tem acompanhado as
medidas económicas de apoio ao nosso tecido empresarial de uma forma contínua e evolutiva. Fê-lo no
passado, está a fazê-lo e continuará a fazê-lo no futuro, à altura das suas responsabilidades.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Passamos à proposta, apresentada pelo IL, de um artigo 265.º-N — Alteração à Lei n.º 9/91, de 9 de abril, relativa ao Estatuto do Provedor de Justiça.
Tem a palavra o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo.