I SÉRIE — NÚMERO 26
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neste fim de semana. Foi, certamente, muito mais exigente do ponto de vista da sua organização, tendo em
conta o quadro em que vivemos e a necessidade de garantir o respeito rigoroso pelas regras sanitárias.
Saúdo o PCP pela forma como decorreram os trabalhos — que, aliás, fui acompanhando à distância,
através da comunicação social —, mas também porque, com a realização do Congresso, o PCP acabou por
lembrar que os direitos políticos não estão confinados…
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Mas os portugueses estão!
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — … e, sobretudo, que o seu exercício também não está limitado, que a democracia não está suspensa e que a atividade política dos partidos não está congelada.
Aliás, por aquilo que ouvimos hoje, podemos perceber como seria, se o PSD estivesse no Governo, em
relação aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
Mas, Sr. Deputado, mostrou mais. Mostrou ainda que, garantindo o rigoroso respeito pelas medidas de
proteção sanitária, a atividade política, e, desde logo, a realização de um congresso ou de qualquer outra
atividade, é compatível com a prevenção da saúde. Este elemento assume hoje muita relevância porque
acaba por nos trazer a esperança de que, cumprindo as regras sanitárias, podemos fazer a vida o mais
próximo do normal, mas, sobretudo, quando vivemos num período em que, um pouco por todo o mundo, vai
ganhando força aquilo que já é designado por «retrocesso pandémico» e que se traduz em imposições com o
objetivo de calar o protesto e de limitar direitos e liberdades dos cidadãos. Portanto, também a esse nível a
realização do Congresso foi importante.
Sr. Deputado João Oliveira, tal como já referi, fui acompanhando os trabalhos através da comunicação
social, à distância, e, pelas intervenções que fui ouvindo, percebi que o Congresso fez uma abordagem a
todas as áreas com relevância para os portugueses. Porém, não tive oportunidade de ouvir intervenções
relativas às questões ambientais, ainda que hoje, da tribuna, o Sr. Deputado tenha feito essa referência.
Por isso, Sr. Deputado João Oliveira, pergunto: de que forma é que as questões ambientais foram
abordadas, nomeadamente as questões relativas aos desequilíbrios territoriais, à degradação ambiental e,
também, à tendência para a mercantilização dos recursos naturais?
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, naturalmente, quero agradecer ao Sr. Deputado Carlos Peixoto e ao Sr. Deputado José Luís Ferreira pelas questões que me colocaram.
Começo por responder ao Sr. Deputado Carlos Peixoto, dizendo que o discurso do PSD não surpreende.
Não se pode dizer que seja uma surpresa aquilo que o Sr. Deputado acabou de afirmar e não nos surpreende
que o PSD continue a tentar limpar-se da lama que colocou sobre si próprio, ao aprovar sucessivamente
declarações do estado de emergência que estão a levar à ruína milhares e milhares de pequenas e médias
empresas, particularmente no setor da restauração, da hotelaria, do turismo, do comércio e dos serviços. Isto
porque os senhores sempre que aprovaram o estado de emergência, particularmente nesta segunda fase, o
que determinaram foi a obrigação de todas estas medidas que agora estão a ser impostas de forma errada e
de forma contrária àquilo que devia ser considerado para verdadeiramente dar uma resposta de combate à
epidemia, por via da aplicação e da imposição de medidas de segurança sanitária. Não nos surpreende o
discurso que continuam a fazer, para procurar desviar as atenções.
O PSD é responsável por estas medidas restritivas, pelas imposições das limitações dos horários ao
comércio e à restauração, porque viabilizou as declarações do estado de emergência, que as permitiram.
Risos do Deputado do PSD Carlos Peixoto.
Também não nos parece surpreendente o facto de os senhores continuarem a criticar, hoje, aquilo que têm
criticado nos últimos tempos e que, no essencial, são duas coisas: a segurança sanitária e o PCP.
O PCP realizou a Festa do Avante em condições de segurança sanitária. O PSD criticou, porque estava
garantida a segurança sanitária e porque era uma iniciativa do PCP.