I SÉRIE — NÚMERO 32
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capacidade instalada. É mais importante saber quantas propriedades temos do que qual é a necessidade dessas
propriedades. E nós não sabemos, não fazemos ideia.
Mas, acima de tudo, Sr.as e Srs. Deputados, qual é a cidade que vocês querem construir? Vocês querem
construir uma cidade de bairros sociais? É isso que vocês querem fazer no século XXI? Mais habitação social?!
Mais guetos sociais?! É isso?!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Convém que se saiba onde se está!
A Sr.ª Filipa Roseta (PSD): — Nós queremos que se saiba lá fora que é isso que o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista querem fazer, isto é, mais bairros sociais. Não, não é essa a solução;
precisamos de uma solução integrada de mobilidade social verdadeira onde não há guetos, onde há inclusão,
há solidariedade, há justiça social e há liberdade.
Os senhores já demonstraram ser incapazes de dar alguma resposta aos graves problemas que o País
enfrenta, como os próprios vêm agora reconhecer.
Por isso, caros senhores, 2021 é o ano para acabarmos com o socialismo em Portugal.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Begonha, do PS.
A Sr.ª Maria Begonha (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Secretária de Estado, Srs. Deputados: Quando debatemos a importância do direito à habitação como direito constitucional e indispensável para a concretização
de um verdadeiro Estado social, sabemos de que lado está a esquerda, nomeadamente o PCP, que requer esta
apreciação parlamentar, como não há também dúvidas de que esse é um dos grandes desígnios que o Partido
Socialista elegeu desde o início da sua governação. É, de facto, à esquerda que partilhamos esse desígnio.
Quando reconhecemos que o direito à habitação sofreu um desinvestimento durante anos, ano após ano,
Governo após Governo, não há dúvidas sobre quem se empenhou, desenhou e concretizou os instrumentos e
políticas para interromper, de uma vez por todas, um capítulo de desvalorização da política pública de habitação
e de desvalorização do papel do Estado em todas as áreas, mas também na habitação.
Aplausos do PS.
Protestos da Deputada do PSD Filipa Roseta.
É que enquanto a direita votava contra a Lei de Bases da Habitação, enquanto a direita falha sempre, como
hoje aqui neste debate, em apresentar propostas positivas e reconhecer as suas responsabilidades, foram os
Governos do PS e os partidos de esquerda representados nesta Assembleia, onde se inclui o PCP, desde 2015,
que, a cada Orçamento apresentado, a cada Orçamento viabilizado, reforçaram o acesso e o investimento à
habitação.
Tem sido o Governo do Partido Socialista a implementar a estratégia que vai permitir ao nosso País, a médio
prazo, no futuro, acabar com as carências de habitação e corrigir injustiças do mercado.
Não há nenhum partido ou setor que não conheça a clareza e a justiça das prioridades seguintes: acabar
com as carências de habitação indigna, aumentar o parque habitacional público e aliar esse esforço a políticas
de arrendamento acessível, assumir uma perspetiva intervencionista do mercado de habitação, combatendo o
desajuste entre o rendimento das pessoas, das famílias e dos jovens face aos preços do mercado.
Estes são os grandes objetivos que queremos alcançar e temos, agora, resultados concretos.
Não há nenhum partido ou cidadão que não conheça a gravidade da situação social e económica que
vivemos…
Protestos da Deputada do PSD Filipa Roseta.