I SÉRIE — NÚMERO 32
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A Sr. Secretária de Estado da Habitação: — Podem contar connosco para tal, podem contar com o nosso empenho no sentido de encontrar respostas, mas não contem connosco para demagogia barata, encontrando
apenas problemas e pondo em causa o que é feito. Não é esse o nosso caminho, não é esse o nosso
compromisso, não é essa a nossa responsabilidade, nem deve ser essa, penso eu, a do Parlamento.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, informo que, durante este debate, deram entrada propostas de alteração ao decreto-lei que esteve em apreciação, apresentadas pelo PCP e pelo BE, que
baixarão à respetiva comissão para apreciação e votação.
Vamos agora passar ao terceiro ponto da ordem de trabalhos, que consta da apreciação conjunta dos
Projetos de Resolução n.os 784/XIV/2.ª (CDS-PP) — Colocar a crise humanitária e o problema de terrorismo
vivido em Moçambique nas prioridades da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia e 779/XIV/2.ª
(PAN) — Recomenda ao Governo a mobilização da comunidade internacional no sentido de travar os crimes
perpetrados contra a humanidade em Moçambique.
Para apresentar o projeto de resolução do CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado do CDS João Pinho de
Almeida.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, peço a palavra.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, o Sr. Deputado João Pinho de Almeida não se encontra presente, mas penso que deve estar mesmo a chegar, pelo que pedia a consideração da Câmara em
esperar cerca de 30 segundos ou 1 minuto.
Pausa.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Se não houvesse oposição do CDS nem de mais ninguém, sugeria que, primeiro, usasse da palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, que apresentaria já o projeto de resolução do
PAN.
Pausa.
Não havendo objeção, tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: No mês em que celebramos o Dia Internacional dos Direitos Humanos, não poderíamos deixar de trazer aqui um assunto de suma importância
neste âmbito, como é o caso da situação absolutamente dramática que vive a população de Cabo Delgado, no
norte de Moçambique.
Consideramos fundamental que Portugal dê o exemplo na consciencialização para a intervenção humanitária
nesta situação, não apenas pelos valores humanitários e o dever moral que nos pauta nesta matéria, mas,
sobretudo, pela relação de especial proximidade que existe entre Portugal e Moçambique, ambos parte da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
A situação em Moçambique é extremamente grave, conforme relatam a imprensa internacional e as
organizações não governamentais. Além da população aterrorizada diariamente com assassinatos levados a
cabo com extrema crueldade e do desaparecimento de um número elevado de crianças que são raptadas pelos
grupos terroristas, e cujas denúncias nos dizem serem até sujeitas a violações e casamentos forçados, a
Amnistia Internacional estima que 350 000 pessoas correm agora o risco de passar fome naquele país, pelo que
não podemos esperar mais tempo para intervir e mobilizar a comunidade internacional para este flagelo, que já
fez meio milhão de refugiados.