19 DE DEZEMBRO DE 2020
27
tradução efetiva desses valores orçamentais, até porque com tanta «bazuca» e tanto armamento que aí está
colocado, ao nível de financiamento, nós demonstramos, claramente, a necessidade e a possibilidade de o
Estado central assumir as suas responsabilidades.
No início, eu tinha dito que há uma questão que tem a ver com os limites materiais, nos termos da lei e da
Constituição, da apreciação parlamentar dos decretos-leis. As propostas que foram apresentadas por parte do
PCP respeitam esse limite material, nós não fomos além daquilo que foram as alterações introduzidas pelo
Decreto-Lei n.º 81/2020, de 2 de outubro, e dizemos que, quanto ao resto, teríamos de voltar a esse debate em
sede própria.
Há uma questão em que a igualdade de armas e a igualdade de circunstâncias da capacidade proposta não
pode ser ignorada para que não haja aqueles que parece que têm as ideias e os outros que parece que não têm
porque colocam-nas na altura certa. Portanto, não podemos deixar de fazer esta observação. Temos um trabalho
de especialidade para fazer e continuamos a dizer que é preciso que haja um trabalho sério, construtivo, de
aperfeiçoamento da lei quer do ponto de vista desta apreciação parlamentar, quer daquilo que o decreto-lei não
consagra e que é preciso levar mais longe.
Quanto à intervenção do PSD, não podemos deixar de lamentar que a ausência total de propostas ou de
contributos tenha sido resolvida com a gritaria e o insulto. Já nem vale a pena recomendar que se saiba onde
se está, nem sequer vale a pena apelar à memória e ao pudor a quem fez tudo para desmantelar o IHRU e
deixou na habitação a marca da destruição e do desmantelamento; basta apenas, talvez, recomendar a alguns
que vão visitar o Bairro Novo do Pinhal ou o Bairro da Torre para se recordarem do que estão a falar.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para encerrar o debate, tem a palavra a Sr.ª Secretária de Estado da Habitação, Marina Gonçalves.
A Sr. Secretária de Estado da Habitação: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Voltando ao que nos interessa, que é, efetivamente, falar sobre as políticas de habitação, os instrumentos em curso e as respostas
que são dadas, quero reiterar o que disse no início do debate, ou seja, que estamos, obviamente, disponíveis
para avaliar as propostas apresentadas no âmbito da apreciação parlamentar. Obviamente que se trata de um
trabalho do Parlamento, mas se quiserem ouvir as nossas opiniões estamos disponíveis para as discutir.
É importante reforçar — nós sabemos isso — que as propostas apresentadas têm como objetivo central
tornar eficaz a política pública de habitação. Isso é algo que nos une, ou seja, dar habitação a todos. Esse é um
objetivo.
Falamos não apenas das famílias mais carenciadas, da habitação social — este é um foco importante da
política pública de habitação —, mas também de uma resposta para a classe média, para as necessidades
evidentes que existem no nosso País.
Portanto, o nosso grande compromisso é o de continuarmos a trabalhar nas políticas públicas em curso. Não
iremos suspender o nosso trabalho em função do maior ou menor avanço das políticas.
Todos gostaríamos que a política de habitação se resolvesse de um dia para o outro, mas, infelizmente,
temos um ónus muito grande daquilo que foi o passado, que também responsabiliza o Partido Socialista. Mas
houve um passado de completa desresponsabilização daquilo que era o direito à habitação enquanto pilar
fundamental do Estado social.
Também assumimos a falta de celeridade na resposta, mas assumimos a resposta, e o que interessa é que,
em conjunto, continuemos a trabalhar e a criar instrumentos que sejam, efetivamente, eficazes na proteção do
direito à habitação de forma a que, daqui a um ano ou a um mês ou dois, quando voltarmos a debater a
habitação, reforcemos sempre esta nossa perspetiva conjunta de trabalhar em prol de um direito fundamental
como é o direito à habitação. No final de contas, é isso que interessa, é isso que deveria interessar a todos os
partidos no Parlamento e que também interessa ao Governo: fazer políticas robustas, trabalhar nelas e não
desprezar o trabalho feito nem desprezar a vontade de dar resposta a toda a população, desde a famílias com
menores rendimentos, da habitação social, ao arrendamento acessível.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Devia ser!