I SÉRIE — NÚMERO 34
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da procura interna, que é fundamental para o relançamento da economia; apoie-se, com vigor, as pequenas e
médias empresas e os empresários em nome individual.»
O estado de emergência não fez nada disso, e o aumento do salário mínimo ficou aquém do que a situação
de emergência na vida das pessoas exige.
Dissemos o mesmo para o setor da cultura e o estado de emergência não trouxe esperança para nenhum
dos seus agentes.
Dissemos, ainda, que, se a prioridade é combater a epidemia, então fiscalizem-se as condições de trabalho
e fiscalizem-se as condições em que as pessoas viajam nos transportes públicos.
Digam-nos, Srs. Membros do Governo: para que serviu o estado de emergência, se nada disto se
concretizou?
Lembramos e relembramos a necessidade de se atuar nos lares para assegurar a defesa dos seus utentes
e dos trabalhadores, tão indispensáveis à prestação de cuidados. As notícias que nos chegam dos inúmeros
lares deste País dizem que, também para eles, o estado de emergência não trouxe as respostas necessárias.
Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A pandemia é demasiado séria, já provocou
demasiados estragos económicos, sociais e no plano da saúde para que o Presidente da República e o
Governo continuem a esconder-se atrás do estado de emergência.
Ao oitavo estado de emergência, se há coisa que fica provada é que ele não resolve nada. No entanto,
acrescenta limitações às liberdades, direitos e garantias, limitações muito perigosas, particularmente num
momento em que precisamos de um debate democrático vivo e da mobilização de todos os cidadãos para as
decisões do futuro.
Por isso, Os Verdes votarão contra.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Deputados: Discutimos hoje a renovação do estado de emergência. Sabemos bem como não precisamos
deste estado de emergência, porque, embora precisemos de medidas de emergência, há algo de que não
precisamos: de medidas amplamente confusas em que não se compreende por que é que uns
estabelecimentos têm de encerrar à 1 da tarde, outros às 4 da tarde e outros, em concelhos vizinhos
encerrados e a 300 m, com tudo aberto.
Não conseguimos compreender como é que é possível que haja, em Portugal, um nível de avaliação de
concelhos que ninguém entende e que os próprios ministros não conseguem decifrar.
Não conseguimos compreender como é que temos apoios que, inundados em burocracia, continuam a
falhar aos principais negócios, aos restaurantes, ao comércio e aos serviços, em Portugal.
Hoje, podemos concluir, com segurança, isto: o Governo falhou aos portugueses na preparação do que
seria a segunda vaga da COVID-19, em Portugal. Como poderemos, em breve, dizer que falhou também na
preparação da tal terceira vaga que todos anunciam, mas que o Governo não quer ver.
O Governo não conseguiu preparar um plano de choque, quando se sabia quais seriam os setores mais
afetados por esta pandemia, e deixa que falências atrás de falências vão destruindo restaurantes, comércio,
empresas e serviços, numa onda de desemprego que Portugal há muito não via.
O Governo não conseguiu nem preparou e por isso há centros de saúde fechados em zonas com
população idosa, há hospitais encerrados e sem meios, quando o que deveria ter sido feito era, sem
complexos ideológicos da extrema-esquerda, conseguir adaptar saúde privada e saúde pública ao serviço de
quem interessava: os portugueses.
Sr. Primeiro-Ministro, dirijo-me a si, especialmente. O Sr. Presidente da República abriu a porta à saída de
Eduardo Cabrita, que está hoje aqui connosco, como abriu a porta à saída da sua Ministra da Saúde, quando
disse que enganou os portugueses sobre a vacinação, e, como todos sabemos, esta Ministra da Justiça não
tem condições para continuar no cargo, em plena pandemia.