I SÉRIE — NÚMERO 35
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prevenção e preparação do ambiente, dos cidadãos e da economia às alterações climáticas, e a aprovação da
lei de bases do clima pode dar um contributo fundamental nesta matéria.
Temos de agir hoje pela salvaguarda do nosso planeta e seus habitantes, temos de agir hoje para
assegurar um ambiente sadio às gerações vindouras. Esse deve ser o nosso compromisso.
O Sr. Presidente: — Para apresentar o Projeto de Lei n.º 609/XIV/2.ª, tem a palavra a Sr.ª Deputada não inscrita Joacine Katar Moreira.
A Sr.ª Joacine Katar Moreira (N insc.): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Somos responsáveis pelo aquecimento global, pela acidificação dos oceanos, pelas extinções em massa e pela maneira
antropocêntrica de nos relacionarmos com a natureza que nos faz achar que esta relação necessita de ser
uma relação extrativista e que não respeite as outras espécies.
Esta maneira de nos relacionarmos com o ambiente influenciou irreversivelmente os ecossistemas, os
habitats e a biodiversidade.
Esta iniciativa legislativa está ancorada em três pilares essenciais para a justiça climática: o pilar da
sustentabilidade, o pilar da resiliência e igualmente o pilar da reparação. É necessário darmos alguma ênfase
a este último, porque é insuficiente mitigar e adaptar, é preciso reparar os ecossistemas e os habitats naturais
para aumentarmos a biodiversidade e garantirmos a segurança alimentar.
Estas oito iniciativas têm como objetivo algo que nos unirá, independentemente das nossas óticas e
ideologias. E esta união é o que Ailton Krenak considerou essencial para «adiarmos o fim do mundo».
O Sr. Presidente: — Temos, agora, vários pedidos de esclarecimento às várias intervenções produzidas. Começando pela intervenção da Sr.ª Deputada Alma Rivera, do PCP, inscreveu-se, para pedir
esclarecimentos, o Sr. Deputado Fernando Ferreira, do Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
Tem a palavra.
O Sr. Fernando Paulo Ferreira (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Alma Rivera, quanto ao ciclo da água, ao ambiente e ao clima e ao comunismo, sempre
poderíamos lembrar como a União Soviética tratou o mar de Aral, na Ásia Central.
Mas o que Portugal nos pede hoje é que a Assembleia da República discuta as bases da política climática
nacional.
O que Portugal nos pede é que a Assembleia da República garanta que todas as instituições públicas
passam a integrar, na sua programação, na sua ação e na sua prestação de contas, a preocupação ambiental
e climática que é, já hoje, preocupação de tantos cidadãos, academias, associações e, evidentemente, do
Partido Socialista, desde a primeira hora.
Portugal tem feito um caminho notável em todo o ciclo da água — área que mencionou na sua intervenção
—, do abastecimento ao saneamento e tratamento de águas residuais. E, com o projeto de lei do Partido
Socialista, reforçamos: o incentivo à poupança da água; o reconhecimento pelo esforço dos consumidores; o
estímulo às empresas pela melhoria da qualidade, da eficácia e da eficiência dos seus processos e resultados;
e um impulso à reutilização de águas residuais tratadas, em projetos inovadores e úteis à descarbonização da
economia e da sociedade.
A pergunta que se impõe é a de saber se as oposições estão disponíveis para aproveitar esta oportunidade
e reforçar o papel de Portugal no universo das nações empenhadas no combate às alterações climáticas, que,
no fundo, é o combate pela modernidade e pela inteligência na gestão dos sistemas centrais do funcionamento
da sociedade, que queremos mais verde, mais sustentável e mais dinâmica.
O importante é que saibamos todos, de todas as bancadas, estar à altura deste desafio, ao lado dos
cidadãos e do planeta.
As perguntas que lhe coloco, Sr.ª Deputada Alma Rivera, são no sentido de saber se o PCP está ou não
disponível para, em sede de especialidade, trabalhar juntamente com o Partido Socialista para encontrar a
melhor solução para o País, se está ou não disponível para se alinhar com o esforço climático que tem vindo a
ser feito na União Europeia e se considera ou não que a Europa é, afinal, fundamental para ajudar o planeta a
atingir os objetivos que tanto são necessários.