I SÉRIE — NÚMERO 37
22
científico, nomeadamente vacinas e testes. Sabendo que 90% das pessoas são assintomáticas ou têm sintomas
ligeiros, há um risco sério de poderem espalhar o vírus mesmo sem o saber.
Desde março que vimos a alertar para a necessidade de testar pessoas assintomáticas, principalmente
aquelas que, por razões essenciais, têm de sair das suas casas e que estão em contacto com outras pessoas,
seja por trabalho, apoio a terceiros ou outros serviços, e que não podem parar.
Se a decisão do novo confinamento geral for a de manter alguns ciclos de estudos em ensino presencial,
será necessária uma estratégia eficaz, que garanta a segurança de profissionais e estudantes. Medidas avulsas
e inconstantes conduzem ao pânico, ao descrédito ou à revolta. Nenhuma destas promove responsabilidade.
Preocupa-nos, também, que os dados atuais apontem para uma redução de medidas como a distância e o uso
de máscaras. Cerca de 60% das pessoas revelaram não ter usado máscara em grupos de 10 ou mais pessoas
nos últimos dias. As medidas não farmacológicas são essenciais e serão as melhores aliadas até ao fim desta
crise sanitária.
Bem sabemos que existe uma dimensão social, até relacionada com os processos de aprendizagem, que
pode levar à necessidade de manter as escolas em regime presencial, mas se o caminho optado pelo Governo
for este, mesmo que apenas para alguns ciclos, tem de se garantir proteção e prevenção dos seus profissionais
e alunos.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Vou concluir, Sr. Presidente, dizendo o seguinte: não se pode pedir aos
profissionais de educação que se exponham ao risco e depois não os proteger.
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, inscreveram-se, para pedidos de esclarecimento, cinco
Srs. Deputados.
Como é que pretende responder?
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Primeiro, a três e, depois, a dois Srs. Deputados, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Então, tem a palavra, em primeiro lugar, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada
Ilídia Quadrado, do Grupo Parlamentar do PSD.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ilídia Quadrado (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, acompanhamos o PAN nas preocupações
aqui expressas quanto ao tsunami sanitário que nos assola.
Não há consenso, como vimos, entre os especialistas sobre o encerramento das escolas e o Governo terá
de tomar uma decisão com os dados que tem.
Ontem, na reunião que decorreu no Infarmed, ficou claro que o crescimento dos casos está descontrolado.
Infelizmente, até as piores projeções do número de óbitos ficaram logo desatualizadas pelo dramático número
que foi registado, 155 mortos.
Das informações que nessa reunião foram prestadas, ficou evidente que há crescimento do número de casos
de infeção em todas as faixas etárias e que, entre os jovens dos 10 aos 20 anos, o número de casos de infetados
cresce num ritmo acelerado. Não devemos deixar de lembrar que quem trabalha nas escolas, professores e
trabalhadores não docentes, tem, em média, mais de 50 anos.
Se as autoridades desconhecem a origem de 87% dos contágios, como podem ser dadas garantias de que
não é na escola que acontecem? Se a opção for manter as escolas abertas, não pode ser de qualquer forma. É
fundamental tomar medidas que protejam toda a comunidade educativa.
O PSD tem defendido que as medidas a serem tomadas têm de ser de grande responsabilidade, seguindo
as orientações científicas e definindo prioridades, nomeadamente com a testagem dos profissionais de
educação, professores, técnicos e assistentes operacionais e incluindo-os nos grupos prioritários de vacinação.
Sr.ª Deputada do PAN, concorda com esta medida de também vacinar os profissionais da educação?