14 DE JANEIRO DE 2021
25
dia confirmam as previsões, é não fazer ideia nenhuma do que é usar os dados de forma correta, de forma
responsável e de forma apropriada.
Sobre a questão das escolas, e Sr.ª Deputada vou insistir nisto porque é sobre este assunto que lhe quero
colocar uma questão, houve, de facto, para os alunos acima dos 12, 13 anos, uma divergência. Houve
especialistas que disseram que se fecharmos tudo é sempre melhor e houve outros especialistas que disseram,
claramente, que não estavam de acordo com isso, que há ausência de surtos nos espaços escolares, que existe
um risco sim, mas no convívio fora dos espaços escolares, que as idades escolares não são a locomotiva da
infeção.
Houve aliás um especialista — e esta é a minha primeira pergunta — que disse claramente o seguinte:
«Como é que se defende o encerramento das escolas para controlar o aumento dos números, quando o aumento
dos números se deu quando as escolas estavam fechadas?». Esta é uma pergunta essencial, estamos aqui a
usar os especialistas contra a própria palavra dos especialistas.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço-lhe para concluir.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Concluo, Sr. Presidente.
Portanto, a primeira pergunta é se a Sr.ª Deputada concorda com isto.
A outra pergunta é a seguinte: na vossa apreciação dos riscos, que peso dão ao risco de deixar durante mais
semanas as crianças e os jovens fechados em casa?
O Sr. Presidente: — Muito obrigado, Sr. Deputado.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Riscos para a saúde mental das próprias crianças e jovens, para as famílias,
para o equilíbrio familiar, porque pensamos que isso também tem de ser pesado e não vimos essa consideração
naquilo que disse.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Alexandra Vieira.
A Sr.ª Alexandra Vieira (BE): — Sr. Presidente, cumprimento o Sr. Presidente e a Mesa, as Sr.as e os Srs.
Deputados e cumprimento, também, a Sr.ª Deputada Bebiana Cunha pela discussão que trouxe aqui hoje ao
Parlamento.
Em tempos absolutamente excecionais, motivados por uma crise pandémica de proporções avassaladoras
e com efeitos muito graves em todas as áreas, cuja extensão ainda nem conseguimos percecionar, as escolas
e os agrupamentos fizeram tudo o que foi possível, e continuam a fazer, no que diz respeito à manutenção das
regras impostas pela DGS e às indicações vagas e a apontar para uma suposta autonomia das escolas por
parte do Ministério da Educação.
No entanto, não foram atribuídos os recursos humanos e físicos que permitissem o cumprimento dessas
regras, sobretudo no que diz respeito ao distanciamento social. Inventou-se a estratégia da bolha, mas, ao que
sabemos, ela é, na generalidade, uma bolha de sabão e, como tal, muito difícil de manter.
Mesmo assim, o ano letivo principiou com uma aparente normalidade. Manteve-se o tamanho das turmas,
os programas, os tempos letivos, provas, exames, avaliações, processos burocráticos e horários por preencher.
À sobrecarga, bem conhecida de trabalho, acrescentou-se ainda mais trabalho com o acompanhamento dos
alunos doentes.
O Ministério da Educação mostrou-se inflexível e nada aberto às sugestões apresentadas ora por sindicatos,
por associações, ora pelo Bloco de Esquerda e por outros partidos. Tudo continua na mesma, apenas com mais
desinfetante, arejamento com temperaturas negativas e bolhas de sabão.
No Bloco de Esquerda defendemos a reabertura das escolas pois elas são o garante de muitos direitos e de
muitos apoios, além das aprendizagens, mas passaram três meses e tudo fluiu assim com tanta normalidade?