14 DE JANEIRO DE 2021
29
estado de emergência, era evidente a necessidade da reposição dos horários a 100%, uma vez que a procura
voltou e os utentes necessitam de mais comboios, até por força da lotação imposta em termos sanitários.
Mas se esta situação da degradação e supressão de comboios é sentida no dia a dia pelos utentes, existem
situações alarmantes, denunciadas por um relatório da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes quanto a
problemas sérios e graves na rede, com reflexos na segurança com que os utentes são transportados.
Notem bem: das 16 linhas existentes em Portugal, apenas 4 apresentam condições satisfatórias, as
restantes, ou seja, 12 estão em péssimas condições, repito, péssimas condições, não chegam a ser medíocres.
Mas o que é espantoso é que está em curso um programa para fazer face a estas circunstâncias — o Ferrovia
2020 — e, pasme-se, dos 20 projetos iniciais, 18 deveriam ter sido concluídos até dezembro passado, mas
apenas 3 estão concluídos e 1 deles mede apenas 2 km. Resumindo, apenas 5% do programa inicial que o
Governo se tinha proposto concretizar foram realizados. Existem mesmo projetos que não chegaram a sair nem
vão sair do papel, embora tenham sido prometidos às populações.
Por isso, deixo-lhe uma questão, Sr. Deputado, que tem a ver com o seguinte: desde o século XIX, com
exceção dos períodos da guerra civil espanhola e das guerras mundiais, Portugal sempre teve ligações
ferroviárias internacionais.
Sr. Deputado, porque se trata do Governo que os senhores apoiam, faz algum sentido que, no ano europeu
da ferrovia, em que, ainda por cima, Portugal exerce a presidência da União Europeia, Portugal passe pela
vergonha de ser um dos poucos países cuja capital não tem uma ligação internacional?
Aplausos do PSD.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Foi o que o homem acabou de dizer!
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Hugo Oliveira, do
Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Hugo Oliveira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado José Luís Ferreira, em
primeiro lugar, gostaria de saudá-lo por ter trazido, novamente, o tema da ferrovia a este Parlamento, um tema
que, há muito, não era discutido.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Está distraído!
O Sr. Hugo Oliveira (PS): — E não era discutido há muito tempo não por más razões, mas por boas razões.
É que houve uma altura em que a direita, o PSD e o CDS, todas as semanas falava de ferrovia. Agora, não têm
muito para dizer.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Está sempre a ser discutido!…
O Sr. Hugo Oliveira (PS): — Falavam das supressões e dos atrasos que, hoje, já praticamente não existem,
em resultado do investimento na EMEF, da abertura da oficina de Guifões, da recuperação de material circulante
que, há anos, estava parado.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Os horários continuam suprimidos!
O Sr. Hugo Oliveira (PS): — Não é verdade, Sr. Deputado! Não é verdade! A única verdade que existe
naquilo que disse é que o PSD, nesta matéria, tem mesmo estado a ver passar comboios!
Aplausos do PS.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — É pena os portugueses não os verem!