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14 DE JANEIRO DE 2021

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O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Sr. Presidente, queria, em primeiro lugar começar por agradecer os

pedidos de esclarecimento formulados pelos Srs. Deputados Carlos Silva, do PSD, Hugo Oliveira, do PS, e

Bruno Dias, do PCP.

Sr. Deputado Carlos Silva, eu também disse, da tribuna, que falta fazer muita coisa e temos vindo a exigir,

ao longo dos anos, investimento nos transportes públicos, em geral, e, muito em particular, na ferrovia.

Mas há muita coisa por fazer, de facto. Como o Sr. Deputado estará de acordo, do que falta fazer, muito se

deve também ao desinvestimento que os Governos do PSD fizeram ao longo do tempo.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Essa é que é!

O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Já para não falar do Governo de Cavaco Silva, que, para além do

desinvestimento, ainda se fartou de encerrar linhas. O Sr. Deputado conhece bem a Linha do Corgo ⎯ sei que

conhece ⎯ e, se calhar, também se lembra do ano em que ela foi encerrada e de quem era o Primeiro-Ministro

nessa altura: o Prof. Aníbal Cavaco Silva. Isto para não referir outras linhas.

Sr. Deputado, eu disse na intervenção que proferi que Lisboa e Atenas eram as únicas capitais da Europa

que não tinham qualquer ligação internacional.

Sr. Deputado Hugo Oliveira, eu falei em alguns avanços feitos por este Governo, é justo sublinhá-lo. Referi-

me à reabertura de um serviço ferroviário que tinha sido encerrado pelo último Governo PSD/CDS, o transporte

diário de passageiros da Linha do Leste, e à reabertura, por essa via, de uma ligação internacional.

Uma outra medida muito importante, na nossa perspetiva, foi a reativação, que ocorreu nos primeiros dias

deste ano, do comboio operário de Guifões, um serviço interno da CP que liga as oficinas de Contumil a Guifões

e que representa uma medida claramente indiciadora de uma gestão de serviço ferroviário virada para um melhor

funcionamento da CP, reduzindo custos à empresa, não com cortes nos serviços, como, aliás, era habitual, mas,

pelo contrário, melhorando as condições de laboração dos seus trabalhadores e a produtividade da empresa.

Porque é que refiro este caso? Porque, antes de esta reativação ter ocorrido, custava 7000 € por mês transportar

os trabalhadores entre estes dois polos oficinais, Contumil e Guifões. Portanto, só aqui, estamos a poupar 7000

€. Este é um bom exemplo de como a gestão pública deve funcionar e de que o investimento na ferrovia vale a

pena. Afinal, até ficamos a ganhar!

Quanto à questão do Sr. Deputado Bruno Dias, de facto, tem razão, é preciso desenvolver-se uma estrutura

reunificadora da ferrovia. Também o disse na intervenção. O Plano Nacional Ferroviário tem de ser estruturante

e é preciso garantir que não haja restrições e limitações a nível de transportes públicos, sobretudo na ferrovia

e, principalmente, quando estamos a viver uma pandemia.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Muito bem!

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Pires, do Grupo

Parlamentar do Bloco de Esquerda.

A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, começo por cumprimentar, em primeiro lugar, o Sr. Deputado

José Luís Ferreira e Os Verdes por terem trazido à Assembleia da República, no período de declarações

políticas, um tema absolutamente relevante e que, para alguns de nós, nunca deixou de estar na agenda política

como sendo algo absolutamente estruturante, porque o desenvolvimento da ferrovia significa também o

desenvolvimento do País a nível económico, ambiental e de coesão territorial.

Desse ponto de vista, nas últimas décadas e, nomeadamente, nos últimos anos, tivemos, como já foi aqui

referido e toda a gente percebe, períodos sucessivos de desinvestimento público que levaram a encerramentos,

a supressões e a um estado da ferrovia, em Portugal, em que falha, em parte, a ligação internacional ou em que

capitais de distrito nem sequer têm, hoje em dia, qualquer ligação a um sistema nacional ferroviário.

Também desse ponto de vista, e apesar dos relevantes avanços feitos nos últimos anos, como a fusão da

EMEF com a CP ou a própria forma como se está a gerir em termos operacionais a ferrovia, na prática, o

desenvolvimento do sistema nacional ferroviário tem ficado muito aquém do desejado, nomeadamente no que

diz respeito à execução do Ferrovia 2020, por exemplo, mas, também a nível regional, sabemos que bastantes

matérias têm ficado consecutivamente para trás. Falamos, novamente, da ligação às capitais de distrito, falamos