I SÉRIE — NÚMERO 37
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Hoje, em Portugal, cerca de 17,3% da população vive ainda em condições de pobreza, mas se não fossem
as transferências sociais esse valor seria de 45% e ao longo da última Legislatura conseguimos, finalmente,
colocar a taxa de risco de pobreza abaixo da média europeia.
Os portugueses que beneficiam destas e de outras medidas não escolheram a sua vulnerabilidade, e por
isso nós não desistimos deles, não desistimos desses portugueses. Ao longo do último ano, com a pandemia,
percebemos que ninguém é imune a vulnerabilidades. Ninguém está imune a crises nem a fragilidades, e por
isso temos de nos proteger uns aos outros. E também aí, no combate à pandemia, a segurança social foi, e é,
essencial. Tivemos um Estado forte no combate à crise sanitária e um Estado forte na proteção dos rendimentos
para evitar a crise social, com centenas de medidas que deram uma resposta firme e rápida a trabalhadores, a
famílias e a empresas.
Vamos continuar este caminho em 2021, desde logo com o layoff pago a 100%. O orçamento da segurança
social para este ano tem um reforço de 2000 milhões de euros face ao orçamento de 2020, mas, face ao
orçamento de 2015, a dotação cresceu 5,2 mil milhões de euros, o que demonstra bem o reforço das políticas
sociais com a nossa governação e sempre, sempre, melhorando as contas e a sustentabilidade da segurança
social, para que ela responda ao presente sem abdicar do futuro. Este modelo social que temos construído é
aquele em que acreditamos, convencendo até aqueles mais liberais, que falavam de gorduras, pediam cortes e
agora querem mais despesa e mais investimento, para que seja visível a mão do Estado que nos ajuda a sair
da crise.
É por isso que vamos continuar este caminho. Vamos continuar este caminho com a convicção de que,
depois de cada um contribuir de acordo com as suas possibilidades, ninguém deve ficar abaixo das suas
necessidades, uma ideia que nos queriam fazer crer que estava em desuso, para, afinal, concluirmos que nunca
tanto como hoje precisámos dela tão forte.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Concluo, Sr.ª Presidente, dizendo daqui que, opondo-nos àqueles
que querem diminuir o Estado social, mas também desconfiados daqueles que encontraram nele uma paixão
rápida e transitória, cá estaremos para defender a segurança social como a espinha dorsal de uma sociedade
inclusiva, coesa e solidária. Hoje e sempre!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr. Deputado, a Mesa regista cinco inscrições para pedidos de
esclarecimento.
Como pretende responder?
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Sr.ª Presidente, responderei em dois grupos.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para formular o primeiro pedido de esclarecimentos, tem a palavra a
Sr.ª Deputada Germana Rocha, do Grupo Parlamentar do PSD.
A Sr.ª Maria Germana Rocha (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Tiago Barbosa
Ribeiro, as prestações sociais, designadamente o rendimento social de inserção, são um instrumento
fundamental no combate à pobreza, desde que bem aplicadas e ajustadas à realidade.
Os efeitos nefastos desta pandemia, como a diminuição de recursos, o desemprego e o crescimento da
pobreza, têm sido mitigados por algumas medidas de apoio social, mas o verdadeiro combate às desigualdades
sociais faz-se com algo que é fundamental: a confiança no Estado social, através de medidas claras e de rigor
nas decisões tomadas, porque é de salvar vidas e famílias que estamos a falar, Sr. Deputado.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Muito bem!