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14 DE JANEIRO DE 2021

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A Sr.ª Maria Germana Rocha (PSD): — Mas o Governo tem sido pródigo em minar essa confiança, com o

desnorte nas medidas que, constantemente, mudam de forma, como aconteceu com as inúmeras versões do

layoff simplificado; com a burocracia insuportável para quem já está numa situação de enorme fragilidade; com

as «dívidas fantasma», que impedem os beneficiários de aceder aos apoios que dizem estar disponíveis ou com

os apoios previstos pelo Orçamento Suplementar e que não são pagos;…

A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Muito bem!

A Sr.ª Maria Germana Rocha (PSD): — … com o não cumprimento da promessa de elevar o valor do

complemento social para idosos ao do limiar de pobreza; com pessoas que trabalharam uma vida inteira e que

esperam e desesperam pelo processamento da sua pensão, sobrevivendo com a ajuda de familiares; ou com

as estratégias nacionais, como a do combate à pobreza, que passou do Programa do Governo para um anúncio

no Twitter do Sr. Primeiro Ministro, prometendo uma estratégia de combate à pobreza até 15 de dezembro e da

qual, até agora, nada sabemos.

A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Exatamente!

A Sr.ª Maria Germana Rocha (PSD): — É a propaganda e a fotografia repetidas à exaustão, num tempo que

deveria ser de sobriedade e de respeito por quem sofre diariamente na pele este flagelo e sucumbe à pandemia.

Por isso, pergunto-lhe se considera ou não que estas políticas do Governo, que se limitam a correr atrás do

prejuízo, conduzirão ao agravamento das desigualdades sociais e engrossarão a fila dos que vão ficando para

trás.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de

Sousa Real, do Grupo Parlamentar do PAN.

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr.ª Presidente, começo por saudar o Grupo Parlamentar do PS e o

Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro pelo tema que nos trouxeram hoje.

Debater as formas de combater as desigualdades é da maior relevância, para mais num país que se viu

agora atingido por esta crise económica decorrente de uma crise sanitária.

Recordamos que, antes desta crise, mais de 17% da população estava em situação de pobreza e mais de

30% da população estava em privação material e que mesmo os dados recentes que o INE (Instituto Nacional

de Estatística) nos veio trazer sobre o retrato social do nosso País estão agora, infelizmente, desatualizados

face a este turbilhão que nos atingiu a todos. E se, de facto, isto tinha consequências do ponto de vista do

contexto de aprendizagem, o fecho de escolas tem consequência no acesso, por exemplo, à alimentação, com

impacto social nos serviços essenciais, como a nutrição e o apoio psicossocial, e, inclusivamente, a nível da

quebra do rendimento e da avaria do elevador social. Não menos importante é perceber que, neste tempo em

que tivemos os apoios sociais previstos por parte do Governo, efetivamente, houve falhas que têm impedido a

que se consiga de alguma forma mitigar os efeitos que podem surgir desta crise.

Há dois aspetos, em particular, que gostaríamos de questionar.

Por um lado, o acesso das pessoas com deficiência. Bem sabemos que esta crise vai gerar, infelizmente,

muito desemprego e muitas desigualdades…

A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Está a gerar!

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Tem toda a razão, Sr.ª Deputada, está a gerar muito desemprego e,

efetivamente, muitas desigualdades. Existem franjas da população que têm uma taxa acrescida não só de

pobreza como de vulnerabilidade, como é o caso das pessoas com deficiência, que têm uma taxa de risco de

32%.