I SÉRIE — NÚMERO 40
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a Lei do Orçamento do Estado para este ano, a Assembleia da República fez questão de fixar, no artigo 278.º,
n.º 4, da mesma lei, o calendário concreto para todo o processo de contratação, designadamente a data dos
exames. Neste momento, o Governo está obrigado a cumprir o calendário que ficou definido na Lei do
Orçamento do Estado, pela Assembleia da República, que foi aprovada, como sabemos, ainda há muito pouco
tempo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — É a vez do Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, fazer perguntas.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro, é, de facto, com o coração pesado que aqui estamos hoje: 218 dos nossos
compatriotas perderam a vida, mais de 9000 desde o início da pandemia. Mas os portugueses que não tiveram
a morte próxima ou que não tiveram o sofrimento próximo também estão tristes, porque ontem viram o Sr.
Primeiro-Ministro, na televisão, irritado a dizer que a culpa era deles.
A Sr.ª Maria Antónia de Almeida Santos (PS): — Não disse nada disso!
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Eu gostava de pegar nos compromissos assumidos pelo Governo, há sete meses, no Programa de Estabilização Económica e Social para ver se, de facto, a culpa é
dos portugueses.
É porque há coisas que foram feitas, Sr. Primeiro-Ministro. Foi feito o alívio das regras da contratação
pública, foi feito e aprovado, aqui, na Assembleia, o regime especial de expropriações e de servidões
administrativas, que aguarda promulgação, mas que é uma coisa inacreditável. Porém, computadores e redes
informáticas para as escolas não foram feitos; o reforço de quadros e redução das custas judiciais na justiça,
não foi feito; o incremento das soluções da Housing First para as pessoas sem-abrigo, não foi feito; os
instrumentos de capitalização para as empresas, seja o Fundo de Capitalização, seja o já famoso, que nunca
mais sai do papel, Banco de Fomento, não foram feitos; e no SNS não se incentivou a atividade assistencial —
com as consequências que se conhecem — e não se melhoraram os sistemas de vigilância epidemiológica, o
que deve estar na origem daquilo que é uma autêntica confusão na identificação dos rastos das cadeias de
transmissão, e com isso uma perda do controlo da pandemia.
Também é culpa dos portugueses, Sr. Primeiro-Ministro, que nada disto tenha sido feito durante os últimos
sete meses?
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, posso assegurar-lhe o seguinte: seguramente, ontem devia estar pouco sorridente, mas mesmo um otimista, nestas circunstâncias,
tem poucos motivos para sorrir.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas não confunda a ausência de sorriso com irritação, porque eu não estava irritado. Muito menos irritado com os portugueses e muito menos culpei os portugueses. Mas, se revir o que eu
disse, verificará que estava enganado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para formular perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Catarina Mendes, do Grupo Parlamentar do PS.