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20 DE JANEIRO DE 2021

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Por isso, aquilo que não faz sentido, não só a mim como seguramente a muitos portugueses, é como é que

o confinamento é mais light, digamos, agora do que aquilo que foi em março. Não parece fazer nenhum

sentido. Aliás, isto até cria a ideia de que nós, em vez de seguirmos aquilo que devia ser um princípio geral de

precaução, de estarmos sempre à frente dos acontecimentos, estamos a seguir um princípio de

experimentação, um pouco a ver se resulta, se não resulta e o que é que dá, correndo sempre atrás do

prejuízo.

Isto tem a ver, quando falava das primeiras medidas, com o seguinte exemplo: antes do confinamento,

tínhamos horários reduzidos, até às 13 horas, o que concentrava pessoas e originou uma das críticas; agora,

temos horários mais alargados e, entretanto, desde há três dias, também já mudou.

Em relação às escolas, quero colocar-lhe uma questão com muita sinceridade, sem qualquer exercício para

além disso, e que tem a ver com o seguinte: quantos alunos temos no País? Cerca de 2 milhões de alunos.

Além desses 2 milhões de alunos, temos seguramente, sobretudo em relação aos mais jovens, os seus pais,

que têm de se deslocar para ir pô-los e buscá-los à escola. Ora, a pergunta que lhe deixo é esta: como é que o

Sr. Primeiro-Ministro quer ter um confinamento eficaz, rigoroso, quando tem 2 ou 3 milhões de pessoas a

circular todos os dias? Não é possível, porque isso, depois, cria todo o contexto da tal circulação, que leva a

que o confinamento não seja eficaz.

Diz o Sr. Primeiro-Ministro, primeiro, que não há grandes contágios nas escolas. Mas disse-nos também

hoje que vai começar os testes nas escolas amanhã. Então, pergunto-lhe: se só vai começar os testes nas

escolas amanhã, como é que sabe que não há contágios significativos? É que um dos especialistas que temos

ouvido diz precisamente…

O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Estou mesmo a terminar, Sr. Presidente, sem prejuízo até de gastar agora tempo da segunda ronda, se me permitir.

O Sr. Presidente: — Então, a partir de agora, o tempo gasto a mais desconta na segunda ronda, Sr. Deputado.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito obrigado, Sr. Presidente. Como dizia, um dos especialistas que temos ouvido diz precisamente que os alunos dos 13 aos 17 anos de

idade podem constituir casos complicados em termos de contágios.

Diz ainda o Sr. Primeiro-Ministro que não podemos sacrificar a educação de uma geração. Sr. Primeiro-

Ministro, não posso estar mais de acordo. Mas para não sacrificarmos um mês que seja, no máximo, de aulas,

podemos estar a sacrificar vidas noutras gerações?! Não me faz sentido, Sr. Primeiro-Ministro! Até porque o

senhor tem outros mecanismos a que pode recorrer. Por exemplo, porque é que não prolonga o ano escolar,

compensando esse mês, depois, quando a situação estiver mais controlada e a vacinação mais avançada e

tiver até, se calhar, vacinado os próprios professores? Porque é que não usa outros mecanismos, Sr. Primeiro-

Ministro?

Digo-lhe, sinceramente, Sr. Primeiro-Ministro, sem medidas de confinamento geral, dificilmente iremos

ultrapassar esta situação.

O Sr. Primeiro-Ministro apelava a um sobressalto cívico. Aceito, porque há situações de irresponsabilidade

e a irresponsabilidade é coletiva. Mas, mais do que sobressalto cívico, é preciso coragem política para

determinar um confinamento sério, porque a situação é, de facto, muito grave.

Protestos da Deputada do PS Maria Antónia de Almeida Santos.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Telmo Correia, o mais fácil, como decisor político, era mesmo encerrar as escolas,…