20 DE JANEIRO DE 2021
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Portanto, no conjunto destas medidas, umas adotadas pelo Governo, outras constantes do Orçamento do
Estado por proposta do Partido Comunista Português, o que foi anunciado é que esta é a primeira fase, e é
isso que iremos executar ao longo de todo o ano.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o sentimento de emergência, de solidariedade e de pesar é comum. Dito isto, tenho de lhe fazer uma pergunta. Num momento em que tudo
aquilo que, desde o início, desejámos que não acontecesse está a acontecer, num momento em que Portugal,
em termos da pandemia, é um dos piores países do mundo, independentemente do ranking que seguirmos, o
que lhe pergunto, Sr. Primeiro-Ministro, em consciência, é se, sabendo o que sabe hoje, teria tomado as
mesmas medidas que adotou no período das festas e do Natal. É uma pergunta dirigida à sua consciência e
também à sua humildade.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Telmo Correia, há uma coisa que lhe posso assegurar: hoje, nas circunstâncias em que estamos, jamais algum de nós teria defendido aquelas medidas.
As medidas são tomadas em função das circunstâncias e dos dados que temos. Procurámos sempre que as
decisões fossem tomadas com base na melhor informação científica. Veja o exemplo da atual circunstância:
nós temos renovado sempre o estado de emergência de 15 em 15 dias. Contudo, em janeiro, entendemos que
era de bom senso só prorrogar cautelarmente, por sete dias, o estado de emergência, de forma a podermos
decretar o atual estado de emergência tendo em conta uma informação mais consolidada sobre qual era a
realidade do País após o período das festas.
E bem fizemos, bem fizemos! É que se tivéssemos tido a reunião no Infarmed (Autoridade Nacional do
Medicamento e Produtos de Saúde) no dia previsto inicialmente, teríamos adotado medidas para uma
realidade em que tínhamos cerca de 4000 novos casos — creio que, nesse dia, houve 4950 novos casos —,
quando, dois dias depois, o número de novos casos era superior a 10 000. E assim nos temos mantido desde
então.
Portanto, felizmente, as medidas que viemos a adotar já foram ajustadas à realidade que tínhamos
presente, que é esta, que é a de estarmos com mais de 10 000 novos casos por dia, e não à realidade ilusória
que teríamos tido naquela altura, que era de 4000 casos.
Se o Sr. Deputado acha que resolve os problemas do País dizendo que a culpa da forma como as famílias
celebraram o Natal foi minha e que é por isso que estamos na situação em que estamos, Sr. Deputado,
ofereço-me, desde já, a esse sacrifício e deixo à sua consciência o achar mesmo que fui eu o responsável por
estarmos na situação em que estamos.
Aplausos do PS.
Mas aquilo que nunca farei é refugiar-me no exemplo de outros que, naquela altura e naquelas
circunstâncias, defenderam precisamente aquilo que eu fiz.
Aplausos do PS.
É assim que vivo com a minha consciência, e assumindo plena responsabilidade pelas circunstâncias em
que o País está hoje.
Aplausos do PS.