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I SÉRIE — NÚMERO 40

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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, o Bloco de Esquerda tem critérios simples, os quais têm ditado a nossa atuação e aquilo que vamos propondo, em solidariedade com o que as autoridades de

saúde vão decretando e contribuindo, a cada momento, com o que achamos que podem ser ideias e soluções.

Achamos fundamental que pare aquilo que possa parar e cuja paragem trave contágios e que os setores

afetados tenham o apoio de que precisam, porque as famílias têm de sobreviver. Já estamos no 11.º mês da

pandemia e a situação social é muito dura. Sim, parar o que tiver de ser parado para travar contactos e

contágios, com os apoios necessários, num País que já sofre há 11 meses com a pandemia.

Deve continuar tudo o que é essencial que se mantenha, garantindo, naturalmente, as condições de

segurança de quem trabalha, garantindo as condições de segurança nos postos de trabalho e também as

condições de segurança de conhecermos melhor o risco. Por isso, temos vindo a propor que haja mais

testagem, rastreios e conhecimento do que está a acontecer no terreno.

Em terceiro lugar, defendemos que se reforce o Serviço Nacional de Saúde — que se reforce o Serviço

Nacional de Saúde, repito! —, que, neste momento, está sob uma pressão inaudita e que tem de ser capaz de

responder aos cuidados prioritários, COVID e não-COVID. O País depende do Serviço Nacional de Saúde e,

portanto, é essa a nossa maior preocupação, sendo por aqui que queria começar o debate.

Sr. Primeiro-Ministro, a Ministra da Saúde anunciou, na semana passada, face à pressão no Serviço

Nacional de Saúde, que se passava ao plano máximo de contingência, pelo que cuidados prioritários e até

cirurgias prioritárias que não pusessem o doente em risco de vida ou de grave prejuízo seriam adiados. Temos

os hospitais do SNS a adiar tudo, até cirurgias oncológicas, desde que não ponham vidas em risco imediato,

para que seja possível responder à COVID e temos profissionais no SNS verdadeiramente exaustos.

Exaustos, e eu diria que fazem milagres, mas não sei se lhes poderemos pedir mais. E como precisam de

apoio!

Temos dito que é importante reforçar o Serviço Nacional de Saúde requisitando a capacidade instalada de

saúde no País, social e privada. O Governo tem dito que prefere fazê-lo por acordo.

Sr. Primeiro-Ministro, na semana passada, os hospitais públicos passaram a contingência máxima e

começaram a adiar cirurgias prioritárias, até oncológicas, porque o SNS já estava nos seus limites. De lá para

cá, os casos de internamentos têm crescido em mais de 200 por dia e o que sabemos dos acordos que são

feitos com os privados é que, na verdade, as camas que os privados disponibilizaram para COVID não

chegam, sequer, para os novos infetados de hoje. São 80 camas e, só hoje, há mais 126 internados; ontem,

houve mais 276, julgo eu, quase 300.

O que os privados estão, por acordo, a pôr à disposição do País para doentes COVID é uma gota de água

no meio de um tsunami. E quando olhamos para tudo quanto os privados puseram à disposição, vemos que só

disponibilizaram mais 800 camas para doentes não-COVID. A associação dos hospitais privados diz-nos que

têm 1300 camas de internamento, mas o que estão a pôr ao serviço do País, por acordo, não chega a 8% da

sua capacidade. São apenas 800 camas não-COVID e 80 camas COVID. Não chega, Sr. Primeiro-Ministro,

não chega!

Se não é agora, quando será? O Governo disse que só iria requisitar os privados se e quando fosse

preciso. Quando chegamos a números recordistas de vítimas e de internados, não é agora?! Quando os

privados, depois de meses de negociação, não são capazes de disponibilizar ao Estado 10% sequer da sua

capacidade, não é agora que os requisitamos? Se não é agora, quando será? Temos hospitais de campanha

do SNS que não podem abrir porque não têm profissionais suficientes, mas há profissionais e instalações no

privado e não as requisitamos. Se não é agora, quando será? Quando?

A nossa responsabilidade é cuidar deste País, cuidar dos doentes COVID e não-COVID, e é por isso que

lhe deixo este apelo, Sr. Primeiro-Ministro: coloquemos toda a capacidade instalada de saúde do País, privada

e social, sob a alçada e a articulação do SNS. Este momento não é o de cada um estar a remar para o seu

lado, este momento é de articulação e de se responder, de uma forma disciplinada, às maiores necessidades

do País.

Aplausos do BE.