20 DE JANEIRO DE 2021
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Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, não me furtarei, nunca, a dizer que, perante a exigência, se governou,
perante o medo, se agiu e, perante a incerteza, atuámos sem nenhum rebuço — para usar a sua expressão,
Sr. Primeiro-Ministro — de aqui e ali termos de ir calibrando, porque isso é mesmo governar em função da
situação, em função do que está a acontecer.
Mas a responsabilidade de hoje — e é o apelo do Grupo Parlamentar do Partido Socialista — é a
responsabilidade de ficarmos em casa. O vírus não escolhe idade, sexo, religião ou residência. O vírus é
invisível, é implacável. Não há imortais nesta luta, há uma só coisa: responsabilidade. E esta guerra que temos
travado juntos haveremos de a vencer juntos e, nesse dia, tiraremos as conclusões de quem esteve à altura
do exigente desafio. Por agora, apenas exigimos uma coisa: responsabilidade de todos os atores políticos,
responsabilidade de todos os portugueses!
No meio disto, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, estes são momentos dramáticos, são momentos
difíceis em que temos de valorizar o esforço de todos, como já aqui disse, na saúde, como é óbvio, mas
também nas empresas e nas famílias, no seu compromisso com a economia e com o rigor de aplicação das
medidas de apoio.
Os dados que temos hoje disponíveis, Sr. Primeiro-Ministro, mostram que a economia bateu todas as
previsões no terceiro trimestre do ano passado e que continuou com um comportamento acima das previsões
no quarto trimestre, fruto das medidas que tomámos fosse no Orçamento, fosse no nosso Plano de
Recuperação e Resiliência, fosse nas medidas que íamos tendo de aplicar, como as de novembro e as de
outubro, já depois do Orçamento aprovado, de mais 1500 milhões de euros para as nossas empresas. E se
não há economia sem saúde, também não haverá futuro sem emprego e sem poupança.
A economia portuguesa deverá ter uma forte queda no ano de 2020, era inevitável, mas quero realçar duas
áreas que preparam o futuro: o emprego, que se mostrou resiliente, com o desemprego que tem vindo a cair
desde agosto; e o investimento, que teve um dos melhores comportamentos de todos os países da área euro,
devendo crescer no segundo semestre. Nenhum outro país da área euro mostrou, nestes indicadores, o maior
foco no futuro, o emprego e o investimento, que são as duas maiores apostas de futuro que a economia pode
desejar.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, a economia portuguesa continua a surpreender pela positiva e o que
podemos dizer, hoje, aos portugueses…
O Sr. Presidente: — Muito obrigado, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Termino já, Sr. Presidente. O que podemos dizer, hoje, aos portugueses que contribuem, com o seu esforço diário, para este
comportamento, é uma coisa evidente: se estamos no meio de uma pandemia e numa guerra sem
precedentes para salvar vidas, estamos também numa guerra sem precedentes para salvar a economia, para
salvar as pessoas e para salvar a proteção social daqueles que mais necessitam.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Ana Catarina Mendes, com toda a franqueza, acho que temos de assumir que este é um combate que ainda está para durar por muitos e longos meses. Isto
porque até atingirmos o nível de imunização comunitária, de imunização coletiva da nossa sociedade, nós não
ultrapassaremos nem venceremos esta pandemia — e esse momento só se atingirá quando 60% a 70% da
população estiver imunizada — ou porque, infelizmente, entretanto, ficou contagiada ou porque, felizmente,
entretanto, foi vacinada. Até esse momento, este combate vai perdurar.
Recordo que, em março, muitos entenderam que devíamos entrar logo no estado de emergência, porque
íamos para casa 15 dias e vencíamos esta crise. Infelizmente, não aconteceu. Sempre tive a noção muito
clara de que esta era uma maratona, e uma maratona que duraria bastante mais do que os 42 km habituais.
Por isso, temos ainda muito tempo pela frente e, neste tempo que —temos pela frente, temos de continuar
a ser capazes de trabalhar nas diferentes dimensões que esta crise nos exige.