I SÉRIE — NÚMERO 40
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Segundo, a lei aprovada na Assembleia da República, por proposta deste Governo, resolveu, de uma forma muito clara e de acordo com o nosso modelo constitucional, que quem
procede à seleção são os órgãos que gerem, com independência, a magistratura e não são escolhas políticas
do Governo.
Terceiro, Sr.ª Deputada, não conheço «procuradores incómodos» nem «procuradores amigos» do
Governo! Conheço Procuradores da República que, seguramente, cumprem a sua função na defesa da
legalidade, independentemente do Governo que esteja em funções.
Aplausos do PS.
«Procuradores amigos» ou «procuradores incómodos» não são procuradores! Procuradores são aqueles
que servem uma magistratura digna, autónoma, como o nosso Ministério Público, independentemente de
quem é o Governo. Também quero dizer-lhe, pelo meu lado, que o Governo também não tem procuradores
que tenha como incómodos ou como amigos. O Governo escolheu, neste caso, o que devia escolher.
Pergunta-me por que razão o Governo corrigiu. Corrigiu precisamente porque a indicação que estava a ser
feita não respeitava o critério que devia ser seguido, ou seja, cumprir escrupulosamente a ordenação que tinha
sido feita pelo Conselho Superior do Ministério Público. Foi por isso que, depois de ter indicado uma pessoa,
no dia seguinte, indicou outra pessoa que era quem tinha ficado em primeiro lugar, na ordenação feita pelo
Conselho Superior do Ministério Público.
Sr.ª Deputada, entendamo-nos: não queiram fazer mistérios onde eles não existem. Digo-lhe, com toda a
tranquilidade, o seguinte: as correções dos erros fáticos que constavam de uma carta e que foram
prontamente corrigidos, assim que tivemos conhecimento público deles, já foram devidamente apreciados pela
instância própria do Conselho, que já deu o caso por devidamente encerrado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Mónica Quintela.
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, registo, sem surpresa, que não respondeu a nenhuma das questões que lhe coloquei, porque, efetivamente, contra factos não há argumentos.
Protestos do PS.
Sr. Primeiro-Ministro, devo dizer-lhe que o Conselho Superior do Ministério Público não pode ordenar
candidatos — acredito que não o saiba, não obstante já ter sido Ministro da Justiça, mas tem um amplo
gabinete à sua disposição que pode dar-lhe estas informações — e tal resulta expressamente da lei que
invoca na carta que enviou.
Registamos que não responde, esperemos que vá responder amanhã, no Parlamento e que, no dia 27,
seja a Sr.ª Ministra da Justiça a ir responder à Comissão, em Bruxelas. Por nós, Sr. Primeiro-Ministro, o
assunto não está encerrado, é nebuloso e há que esclarecê-lo, pois está em causa o Estado de direito
democrático. Repito, está em causa o Estado de direito democrático.
Aplausos do PSD.
Protestos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, eu não tenho a menor das dúvidas de que, sendo amanhã o debate de apresentação do programa da Presidência portuguesa no Parlamento Europeu,
seguramente haverá algum Deputado que quererá discutir não o programa, mas este pretenso caso de
ilegalidade na nomeação do representante de Portugal na Procuradoria Europeia de Justiça.