29 DE JANEIRO DE 2021
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A 3 de janeiro já sabíamos que havia 34 casos da nova variante relacionada com o Reino Unido; ainda assim
conseguimos, nesse período, ter menos controlos aeroportuários e menos controlos nas fronteiras móveis
terrestres.
Está no Relatório e podemos vê-lo com a análise destes dados.
Ainda assim, este Relatório mostra-nos que, apesar da cegueira ideológica que afastou privados e o setor
social da luta contra esta pandemia, 50% dos testes foram feitos pelo setor privado. Até aí lhe deram uma
enorme lição de democracia!
Mas é importante que termine com a análise dos lares.
Durante esse período, algo que este Relatório omite, tivemos funcionários de lares e outros a serem
vacinados sem serem cumpridos os critérios de vacinação, além de um atraso inacreditável na vacinação dos
idosos nos nossos lares, o que ninguém compreende em toda a Europa.
Isto era o que devia dizer logo no seu Relatório. Era com isso que deveria abrir o Relatório do estado de
emergência
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço-lhe que conclua.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou terminar, Sr. Presidente. O Relatório do estado de emergência devia abrir com esta frase: «Não conseguimos vacinar os idosos!» Era
isso que devia ser dito neste Relatório.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva, do PEV.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Debatemos hoje o Relatório sobre a Aplicação da Declaração do Estado de Emergência que se refere ao período de 24 de
dezembro de 2020 a 7 de janeiro de 2021.
Este debate faz-se numa altura muito complicada da pandemia, em que os números de infetados estão mais
altos do que nunca e em que o número de mortos também ultrapassa o que poderíamos imaginar.
Este é o ponto de partida para um debate cada vez mais difícil, mais exigente e mais complexo.
O período em análise refere-se a um momento em que todos esperavam que fosse possível, com todos os
cuidados, estar mais próximos dos entes queridos de quem estavam afastados desde a primavera.
O período festivo foi de muita solidão para mais pessoas do que aquelas que possamos imaginar. Foi um
período de angústia e de sofrimento para os que perderam o emprego, para os que não sabem até quando terão
emprego e para os que viram, durante grande parte do ano de 2020, a sua economia familiar ficar cada vez mais
fragilizada entre layoff, isolamentos profiláticos e dias sem poder trabalhar. Terá sido com toda a certeza um
período triste, sem o brilho de outros anos, um período de pobreza.
Por isso, não surpreende que, apesar de o mês de dezembro ter sido de uma maior intensidade económica,
este tenha ficado muito abaixo do dinamismo verificado nos anos anteriores.
O período de tempo em discussão revela que os casos de internamento durante esse período subiram e que
o número de infetados inverteu a tendência de decrescimento que vinha desde novembro.
Este é mais um Relatório que confirma a relativa inutilidade do estado de emergência. Mais: à boleia do
estado de emergência, tomam-se as medidas mais incongruentes e fomentadoras da confusão. Agora, o
Governo decidiu que os cafés, que podem vender em regime de takeaway, não o podem fazer se for apenas
um café ou uma água. Milhares de pequenos estabelecimentos encerraram as suas portas, mas alguns são
obrigados pelo Governo a continuar a vender fugindo à lei.
Se não há razoabilidade e critérios entendíveis nas decisões, então, Srs. Deputados e Srs. Membros do
Governo, o seu cumprimento será sempre mais difícil.
Queremos ainda referir-nos a um outro tema, que tem vindo a suscitar a preocupação de muitos especialistas,
o de ser necessário cuidar e atender à saúde mental dos portugueses. É natural que as pessoas estejam
preocupadas com a situação e é natural que tenham medo e se sintam inseguras, mas não podemos deixar de
denunciar o autêntico terrorismo psicológico que certos meios estão a promover.
Informar é um direito, questionar é uma necessidade, promover o pânico é desastroso. Também a nível do
reforço dos cuidados de saúde mental, o estado de emergência não serve para nada.