I SÉRIE — NÚMERO 42
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O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Ministros e Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: Mais uma vez, apreciamos nesta Câmara um Relatório
relativo à execução do estado de emergência. Sejamos claros sobre o que estamos a apreciar: o Relatório de
execução do estado de emergência de um período concreto, com dados concretos, relativamente ao
conhecimento que tínhamos, no momento em que aquele estado de emergência foi decretado e como foi
executado. E mais uma vez se revela o dificílimo equilíbrio entre balancear a luta contra a pandemia e continuar
a prevenir a evolução agravada da crise económica e social que ela, inevitavelmente, tem como consequência.
O Governo é sempre acusado, quando previne, de estar a matar a economia e, quando reage — porque as
coisas efetivamente mudam e é necessário reagir, é necessário alterar medidas —, é acusado de estar a alterar
as medidas, porque não as previu anteriormente.
Aplausos do PS.
Se queremos um debate com sentido de Estado e patriótico, como o Sr. Deputado José Cancela Moura agora
dizia, então sejamos sérios na abordagem e na análise dos dados.
Sr. Deputado Telmo Correia, não é sério dizer nesta Câmara que, se calhar, o Sr. Deputado conhecia a
variante e a estirpe britânica antes dos próprios britânicos a conhecerem. Isso é que não é sério!
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do CDS-PP Telmo Correia.
E quando afirmou e todas as forças políticas, sem exceção, afirmaram concordar com a opção, do Governo
e do Sr. Presidente da República, de termos medidas que nos permitissem passar a quadra natalícia de forma
distinta — afirmações todas elas registadas —, todas e todos, com coerência, aceitámos que havia risco, mas
que o conhecíamos com base nos dados então conhecidos.
Sabemos hoje coisas que não sabíamos, Sr. Deputado. E é com base no que hoje sabemos e com o que a
ciência nos permite fazer que hoje alteramos as medidas, aprofundando e aumentando o grau de proteção.
É esse o debate que devemos fazer.
De seguida, iremos discutir a renovação do estado de emergência, com medidas mais gravosas, com a
necessidade de apertar ainda mais as medidas que garantem o distanciamento social. Porquê? Porque hoje
sabemos mais do que sabíamos no Natal. E não tenho qualquer pingo de dúvida de que todos os membros
desta Câmara, todos os membros do Governo, todas as pessoas com capacidade de decisão, se soubessem,
hoje, quais seriam as consequências da estirpe britânica, teriam, seguramente, tomado medidas diferentes.
Procurar afirmar nesta Câmara que isso não é assim é que é um exercício que não nos parece sério, num
debate que deveria merecer, da parte de todos, a mobilização do interesse nacional.
Olhemos, no entanto, para algumas das coisas que estão refletidas neste Relatório e que também,
infelizmente, não são verdade na forma como foram apresentadas. Refere-se a falta de medidas, por exemplo,
no que diz respeito às contratações, e os atrasos no que diz respeito ao reforço de meios. Mas é esta mesma
Câmara que, e bem, determina que as regras de transparência e de contratação pública devem ser respeitadas.
É esta mesma Câmara que, e bem, em vários momentos, diz que não devemos prescindir do funcionamento do
Estado de direito democrático. Ora, o Estado de direito democrático tem prazos.
Por exemplo, relativamente à área da educação, nos últimos dias ouvimos de tudo um pouco. Falou-se da
impreparação, da desatenção, mas desde julho que os procedimentos concursais estão a ser lançados, que em
outubro foram publicados, que em novembro e dezembro foram adjudicados, e agora os contratos estão
assinados. É o decurso das instituições democráticas!
Aplausos do PS.
Sr. Deputado Telmo Correia, não faça o gesto de alguém que está a papaguear, porque isso também não o
prestigia a si enquanto parlamentar. Basta pegar nos documentos, basta ler os contratos, basta verificar que as
medidas foram adotadas para podermos fazer este debate com a seriedade que ele merece e não apenas usar