29 DE JANEIRO DE 2021
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São medidas urgentes, que o Governo continua a não aplicar e a não saber explicar porque ainda não aplicou.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José Cancela Moura, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. José Cancela Moura (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Ministros, Sr. Secretário de Estado, Srs. Deputados: Portugal é, hoje, o país com mais casos e mortes por milhão de habitantes. Há mais
de 10 000 óbitos e os diferentes especialistas preveem que possam morrer outros tantos até março. Poderemos
perder para a pandemia, apenas num ano, mais do dobro daqueles que perdemos, em quase 15 anos, na Guerra
Colonial.
Com 10 vezes mais casos e mais mortes do que em março e com todos os indicadores a apontarem para o
agravamento da situação, o Governo decretou um estado de emergência light, com medidas às pinguinhas,
onde as exceções são a regra — foram mais de 50. Há ambulâncias em filas de espera horas a fio às portas
das urgências e vidas em suspenso, com milhões de consultas e cirurgias adiadas. Os profissionais de saúde
estão exaustos e os hospitais, à beira da rutura, improvisam, transferindo doentes às dezenas.
O plano de vacinação muda a cada dia que passa, privilegiando agora os titulares de cargos políticos, com
prejuízo daqueles que deveriam ser vacinados antes, como os polícias e os bombeiros.
O País está em estado de sítio, porque, lamentavelmente, o Governo falhou em toda a linha. Em vez de um
Conselho de Ministros, temos agora um conselho de resignados que navega à vista, com meias palavras, meias
verdades e meias medidas que, às vezes, como no caso das escolas, até mudam dia sim, dia não. Trata-se de
um Governo confinado, que não age, só reage, que não decide, só gere expetativas. E vem-nos logo à memória
a garantia do Sr. Primeiro Ministro de que «até agora não faltou nada no SNS e não é previsível que venha a
faltar».
O PSD tem, hoje, o dever de apontar o dedo e denunciar, agora, o que está mal, porque tem legitimidade
para tanto: legitimidade porque votámos, favoravelmente, desde o início, todos os estados de emergência, sem
tibiezas; legitimidade porque fomos colaboração e não fomos oposição; legitimidade porque estivemos ao lado
do interesse nacional.
O momento de sofrimento humano que vivemos é dramático e os portugueses não merecem, de todo, que o
Governo deserte da sua missão. O PSD quer, por isso, por imperativo de consciência, fazer um apelo sério e
sincero ao Governo.
Em nome dos cidadãos comuns que se apinham nos transportes públicos para ir trabalhar todos os dias, em
nome dos profissionais de saúde que têm de escolher entre quem vive e quem morre, em nome dos idosos e
dos doentes de risco que, na fragilidade da sua condição, anseiam pela vacina e veem as prioridades trocadas,
por favor governem! Governem com coragem e com sentido de Estado. Governem em função de um bem maior
que é a vida, porque a vida não tem cor, nem ideologia. Governem sem preconceitos ideológicos sobre a
restrição de direitos, liberdades e garantias, porque tempos excecionais exigem medidas excecionais.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. José Cancela Moura (PSD): — Vou concluir, Sr. Presidente. Governem com patriotismo, sobre o que verdadeiramente interessa e é importante para o País e não de
acordo com as agendas políticas e partidárias. Governem, por favor, porque o País não pode esperar mais para
poder seguir em frente.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Pelo Grupo Parlamentar do Partido Socialista, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves.