29 DE JANEIRO DE 2021
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Aplausos do PSD.
Ter os doentes dramaticamente retidos em ambulâncias por falta de lugares nos hospitais e continuar a
manter fechado um hospital totalmente pronto há quase dois anos é levar a teimosia a um extremo inaceitável,
na situação caótica que o Serviço Nacional de Saúde está a viver.
Aplausos do PSD.
Protestos de Deputados do PS.
Procurar alijar as suas responsabilidades, repetindo, até ser verdade, a mentira de que, por exemplo, o PSD
defendeu a abertura dos restaurantes para lá das 13 horas, é, no mínimo, um ato de ingratidão perante quem
até hoje se esforçou por cooperar e, até, por poupar nas críticas a quem já há muito as merece.
Aplausos do PSD.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, votaremos, mais uma vez, responsavelmente, a favor da declaração
do estado de emergência.
Continuaremos a disponibilizar ao Governo todos os instrumentos de combate à pandemia de que ele
necessitar.
Continuaremos a renunciar aos ataques políticos fáceis e permanentes, que mais não visam do que procurar
dividendos partidários à custa das dificuldades que o País atravessa.
Hoje ficam aqui — na altura certa e de forma frontal — as críticas que as excessivas falhas do Governo nos
obrigam a fazer. Mas fica aqui também, com essa mesma frontalidade, a continuidade do nosso compromisso
de cooperação, no respeito pelo superior interesse nacional.
A bem de Portugal, esperemos que o Governo dele seja merecedor.
Aplausos do PSD, de pé.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção em nome do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
Sr. Deputado, faça favor.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Assistimos a um cenário de catástrofe nos serviços de saúde. A terceira vaga da pandemia
está a ser brutal, nos novos infetados, na exigência de internamento hospitalar e unidades de cuidados
intensivos e no número de mortes. Já são mais de 10 000 as mortes por COVID-19 em Portugal e, por todas as
vítimas, a todas as famílias e amigos prestamos a nossa solidariedade e o mais sentido pesar.
«A situação é grave», dizia há pouco a Sr.ª Ministra da Saúde. É verdade, acima de tudo porque as coisas
estão piores e não se sabe quando irão melhorar. Aliás, é bem possível que ainda fiquem piores antes de
melhorarem.
A renovação do estado de emergência é apenas e só mais um pedido do Governo à Assembleia da República
para que tenha as condições para enfrentar este momento difícil. E, tal como no passado, o Governo terá essas
condições para enfrentar a pandemia e a crise que a acompanha.
Saberá o Governo usar bem esta confiança? Essa é que é a nossa dúvida.
Os pedidos de ajuda no SNS repetem-se. Faltam meios, principalmente profissionais de saúde, em particular
enfermeiros.
O Governo teve mandato para requisitar profissionais aos privados, mas continua a protelar. Não dá ao SNS
a capacidade de gerir, apenas de fazer contratualizações pontuais. Não há preparação, corre-se atrás do
prejuízo e em vez de defender os profissionais de saúde deixa-os fugir para os privados ou para o estrangeiro.