I SÉRIE — NÚMERO 42
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O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e demais Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Debatemos e votamos hoje o décimo decreto de renovação do estado de emergência,
e a situação é grave.
No entanto, a sua fundamentação causa alguma estranheza. Desde logo, porque, embora nos seus
considerandos, sustente a sua necessidade, e cito, «na falta de rigor no cumprimento das medidas» — certo! —
, os especialistas também têm dito que o agravamento se deve: à forma como a segunda e, sobretudo, a terceira
vagas foram subestimadas; a não terem sido adotadas medidas eficazes no Natal; ao confinamento light; às
vendas ao postigo; e às hesitações do Governo.
Protestos do Deputado do PS Ascenso Simões.
E os especialistas sempre disseram que o confinamento é diretamente proporcional à redução dos contágios.
A questão das escolas foi o maior exemplo de desorientação. Ainda ontem, ouvimos o Sr. Primeiro-Ministro
dizer que as pessoas não perceberam que, até ao fecho das escolas, era preciso confinar. Desculpe, Sr.
Primeiro-Ministro, as pessoas não perceberam ou foi o senhor que não quis perceber?! Eu disse-lhe que, com
2 milhões de pessoas a circular, não havia confinamento possível! Foram as pessoas que não entenderam ou
foi o Governo que não foi capaz de perceber?
Perguntei ao Governo, a 8 de janeiro, na reunião que mantivemos, se a variante inglesa do vírus e as notícias
de relatórios segundo os quais ela era mais transmissível, nomeadamente aos mais jovens, não era relevante.
A resposta foi que não, que nem a variante inglesa tinha relevância, nem as escolas eram locais de contágio.
Como é possível?! Todos estamos lembrados da teimosia do Sr. Primeiro-Ministro, ao dizer que as escolas não
podiam fechar pelo prejuízo irreparável que isso causaria aos alunos. Ora, não demorou 48 horas para mudar
tudo, tendo passado de prejuízo irreparável para os alunos para a proibição total de ensinar. O Governo, que
prometeu um computador por aluno, e falhou, que prometeu ter tudo pronto para o ensino online, e não cumpriu
com nada, mais do que falhar, tem esta atitude arrogante de nunca reconhecer os seus erros, que é preocupante.
É um Governo que tem um problema com a verdade. Vimo-lo no caso do Procurador europeu…
Vozes do PS: — Eh!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … e vimos, agora, com as escolas. É um Governo que, cada vez que alguma coisa corre bem, faz propaganda. Mas, quando algo corre mal, não
é nada com ele — aí, a culpa é dos portugueses, é da estirpe britânica do vírus, é do cozinheiro, é do mundo
em geral!…
A propósito de britânicos, o Primeiro-Ministro britânico, depois de tudo o que aqui disseram sobre ele, disse
ontem esta frase muito simples: «I take full responsibility». Que diferença e que dignidade!
Este foi o Governo que se recusou a contratualizar com os privados e com o setor social,…
Protestos do PS.
… que proclamou a autossuficiência do SNS, que se refugiou na ideologia para agradar à extrema-esquerda,
que exigia a requisição. Assistimos, agora, a uma situação preocupante no hospital Amadora-Sintra. Felizmente,
a situação foi controlada, porque houve também ajuda — e ajuda, designadamente, do Hospital da Luz, que
abriu uma enfermaria para receber doentes, sendo que os hospitais da CUF e Lusíadas também já o tinham
feito. Ou seja, os privados estão a ajudar, enquanto aqui são atacados pela esquerda — e a ajudar sem
requisições, nem ocupações selvagens, e sem que os seus médicos e profissionais fossem vacinados, tal como
os bombeiros.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares (Duarte Cordeiro): — É mentira!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Mau planeamento! Todos os que ocupam essas camas são pessoas e são portugueses.