29 DE JANEIRO DE 2021
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ser questionados, não admitem ser criticados, não admitem erros nem responsabilidades e, mais importante,
não admitem que a estratégia precisa de ser alterada. E os criminosos são aqueles que criticam?!
No imediato, a prioridade é salvar vidas, usar toda a capacidade da estrutura hospitalar pública, privada e
social existente.
Mas tenho de insistir, aqui, que já deveríamos estar a preparar a fase seguinte, porque haverá um momento,
que se espera tão próximo quanto possível, em que haveremos de desconfinar. Nessa altura, não podemos
voltar a mostrar a mesma chocante falta de preparação, porque, se o fizermos, o desconfinamento será apenas
o intervalo até ao confinamento seguinte.
Por isso, é importante reconhecer os erros cometidos, mudar os responsáveis incompetentes e adaptar a
estratégia.
Temos de tornar a política de testagem proactiva para reganhar o controlo das cadeias de transmissão,
massificar os testes rápidos, incluindo uma componente aleatória, para diminuir o contágio por assintomáticos.
Temos de garantir que a capacidade de vacinação nunca, mas nunca, ficará aquém das vacinas que vierem
a estar disponíveis.
Temos de verificar a imunidade dos cerca de meio milhão de recuperados, uma quantidade de portugueses
que pode ser a base da retoma económica ou de uma necessidade de apoio sanitário.
Temos de garantir que a estrutura de acompanhamento deste combate é política e tecnicamente competente,
coisa que a realidade a que chegámos mostra, evidentemente, que não é.
Isso mesmo transmitimos ao Sr. Presidente da República,…
O Sr. Presidente: — Muito obrigado, Sr. Deputado. Já concluiu o tempo de que dispunha.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — … para que estas sucessivas renovações não sejam mais cheques em branco à atual estratégia seguida pelo Governo.
Vou concluir, Sr. Presidente, dizendo que este decreto de renovação segue a linha dos anteriores.
É verdade que põe na ordem o Ministro da Educação, que acha bem nivelar o ensino por baixo,…
O Sr. Presidente: — Muito obrigado, Sr. Deputado.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — … mas também retira um artigo inteiro dedicado à garantia de direitos e liberdades fundamentais dos portugueses. Se não era importante, porque é que lá estava? E, se é
importante, porque é que saiu?
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já excedeu o seu tempo em quase 50%. Tem de concluir.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Porque este novo decreto nada faz para fomentar a alteração da estratégia, iremos votar contra a renovação do estado de emergência.
O Sr. Presidente: — É a vez de a Sr.ª Deputada não inscrita Joacine Katar Moreira intervir. Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Joacine Katar Moreira (N insc.): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ontem, foi o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Recordei Aristides de Sousa Mendes e recordei também a ameaça do
fascismo e da violência fascista.
Faz hoje exatamente um ano que André Ventura me mandou para o meu país de origem. Esta Casa calou-
se completamente. Depois, num ambiente de pandemia sanitária, o mesmo indivíduo tentou insinuar a
necessidade de confinamento da comunidade cigana. Ouviram-se umas vozes ao alto. O município de Castro
Verde, recentemente, insinuou um confinamento étnico, por engano…
Acontece que nem o estado de emergência nem nenhuma pandemia devem permitir a discriminação e a
violência sobre qualquer cidadão, independentemente das suas origens, independentemente das suas origens
étnico-raciais.