I SÉRIE — NÚMERO 42
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O Sr. Presidente: — É a vez do Chega. Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado André Ventura.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Percebemos hoje, com este decreto, que o encerramento de fronteiras era a chave do que deveríamos ter feito há muito tempo.
E agora, que pensamos em encerrar fronteiras e que este decreto o permite, agora, que olhamos para os
melhores exemplos e que se verifica que todos os melhores exemplos encerraram fronteiras, percebemos que
errámos.
Mas também percebemos que errámos quando são os outros a fechar-nos as portas, como é o caso da
Alemanha, que agora proíbe de lá entrar quem viaja de Portugal. Pior não podia ser!
Permitam-me ainda que diga que não só somos o pior exemplo do mundo em novos casos, mas também —
e, Dr. Rui Rio, permita-me discordar de si — que não foi por falta de coragem do Governo que foi proibido o
ensino à distância mas, sim, porque os computadores que foram prometidos nunca foram trazidos, e soubemos
hoje, pela imprensa, que foram comprados oito meses depois de terem sido prometidos. Por isso é que foi
proibido o ensino à distância, por isso é que se encerraram escolas e por isso é que se ziguezagueou entre no
ensino em Portugal, brincando-se com pais, com crianças e jovens, numa das alturas mais dramáticas da nossa
história.
Mas, para nossa vergonha, vêm outros de fora para nos apoiar. Temos médicos alemães e de outros países
da Europa a dizerem: «Precisam de ajuda, nós cá estamos!» A velha estratégia da mão estendida ao mundo, e
à Europa, que nos devia envergonhar a todos, nesta altura de luta contra a pandemia!
Pior: damos e daremos vacinas a políticos, quando os portugueses, lá fora, ainda não foram vacinados,
quando profissionais de saúde ainda não foram vacinados, quando bombeiros ainda não foram vacinados e
quando polícias ainda não foram vacinados. Só há uma palavra: vergonha! É aquilo que podemos dizer nesta
Casa, quando vacinamos políticos à frente de cidadãos que estão a morrer na linha da frente.
No meio de tudo isto, Sr. Primeiro-Ministro — que aqui está, diante desta Câmara —, Portugal consegue o
pleno de descer no Índice de Perceção da Corrupção e ter a pior prestação desde 2012!
Vergonha! Vergonha de um país que não sabe lutar com a pandemia.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o seu tempo.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, vou terminar…
O Sr. Presidente: — Termine. Muito obrigado.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou terminar, Sr. Presidente, com uma frase da Deputada socialista Joana Sá Pereira, que disse «o vírus teve, diria, o azar de encontrar pela frente um Governo capaz». Que fique para a
história a avaliação desta frase, nesta Câmara.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção pelo IL, o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e demais Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: A cada renovação do estado de emergência o panorama da pandemia em
Portugal é mais sombrio.
Do propalado «milagre português» da primeira vaga, passámos ao lugar de pior país do mundo — repito,
pior país do mundo —, nas últimas semanas, no que toca a infetados e fatalidades por milhões de habitantes.
Um sistema de saúde a rebentar pelas costuras e um sistema de rastreio da pandemia incapaz de controlar
as cadeias de transmissão. Um Governo perdido nas suas hesitações e incompetências, a demonstrar a quem
quer ver que não faz ideia daquilo que funciona no combate ao vírus e, por isso, confina tudo, proíbe tudo,
aprofundando uma crise social e económica que, a prazo, causará tantos danos como a pandemia.
Mas pior do que todos os erros cometidos é a incapacidade de os admitir, de assumir as responsabilidades
e de arrepiar caminho. Os que ousam questionar a estratégia do Governo são, para o Governo do PS — imagine-
se! —, criminosos. Os que nos trouxeram ao lugar de pior país do mundo no combate à pandemia não admitem