30 DE JANEIRO DE 2021
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A Sr.ª Isaura Morais (PSD): — Foi preciso aguardar pelo passado dia 28 de dezembro de 2020, com a
Assembleia da República em pausa de Natal e num quadro de fortes restrições sanitárias, para o Governo dar
entrada da proposta de lei que define o regime jurídico de criação, modificação e extinção de freguesias.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Isaura Morais (PSD): — Não subsistem, por isso, dúvidas que o Governo andou todo este tempo
apenas a adiar compromissos muito antes assumidos.
O facto de o Governo apenas remeter à Assembleia da República a proposta de lei nos últimos dias de 2020,
circunstância que determina que a sua discussão e votação ocorra no ano em que terão lugar as eleições
autárquicas, só reforça este entendimento. E, a acrescentar a tudo isto, o Governo afirma que o trabalho que
desenvolveu para esta proposta de lei foi realizado em parceria com a Associação Nacional de Municípios e a
Associação Nacional de Freguesias.
Algo não correu bem, Sr.ª Ministra: é que estas associações representativas, ao enviarem à Assembleia da
República um parecer desfavorável à proposta de lei do Governo, qualificam-na como inaceitável e referem que
esta carece ainda de um debate sereno e profundo.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o PSD sempre disse estar disponível para melhorar, com
ajustamentos, o atual mapa das freguesias que o tempo nos possa ter demonstrado que deveriam ser corrigidas.
O PSD sempre disse que se devia ter em conta as particularidades das freguesias urbanas e das freguesias
rurais, tendo em atenção as diferenças que resultam do litoral e do interior do nosso País. Mas uma coisa é o
envolvimento ativo e firme neste processo legislativo, outra é contemporizar com uma apreciação apressada,
que possa produzir uma revolução indesejada em vésperas de eleições autárquicas e ser denotada como um
gesto de campanha eleitoral.
Podemos e devemos ter compreensão para muita coisa, mas não é possível tê-la para tudo. É preciso ajustar
a reformas das freguesias? Muito provavelmente. Deve ser feita à pressa? Não.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o PSD, nesta como em outras matérias, continua a defender os seus
objetivos de sempre e está disponível para um debate sério e esclarecedor. Tal não é possível sem que esta
matéria tenha sido devidamente estudada por especialistas e que todos os autarcas e cidadãos interessados
tenham informação que lhes permita ter uma noção exata sobre o significado, os termos e as implicações deste
novo regime jurídico das freguesias.
Guiamo-nos pelo interesse nacional e renunciaremos sempre à demagogia, ao populismo e ao facilitismo. É
esta a nossa linha de rumo!
Nesse contexto e para início de um debate sério e esclarecedor, seria importante que o Governo
esclarecesse por que só agora deu entrada desta iniciativa, em cima das eleições autárquicas nacionais. E uma
vez que considera, na presente proposta de lei, que a mesma deverá garantir uma estabilidade territorial por um
mínimo de três mandatos, pergunto se não acha que deveria também a reforma implementada em 2013 ter igual
período de três mandatos para a estabilizar e avaliar.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Bebiana
Cunha, do PAN.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Ministra da Modernização do
Estado e da Administração Pública e demais Membros do Governo: A posição de princípio assumida pelo PAN
sobre o processo de extinção de freguesias, empreendido, em 2013, pelo Governo de então, sempre foi clara.
Entendemos que este foi um processo que, em vários casos, foi feito «a régua e esquadro», passando por cima
da vontade das populações e dos órgãos locais e sem levar em conta as especificidades geográficas,
demográficas, territoriais, históricas, sociais e até económicas.
Apesar de podermos dizer que nem tudo foi mau nessa reforma, muito foi mau. Desde a anterior Legislatura
que temos vindo a defender a necessidade de se assegurar uma reavaliação caso a caso, que tenha em
consideração os critérios ignorados em 2013 e que, com equilíbrio, responsabilidade e uma avaliação técnica e