30 DE JANEIRO DE 2021
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A Sr.ª Palmira Maciel (PS): — Sr.as e Srs. Deputados, em boa hora, o Governo remeteu a esta Assembleia
o presente diploma.
O que o Governo agora submete à nossa apreciação é, precisamente, aquilo que deveria ter sido feito na
altura, um dispositivo legal que respeitasse tão-só a autonomia do poder local e a vontade das populações
implicadas na criação de freguesias.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — E ia ficar tudo na mesma!
A Sr.ª Palmira Maciel (PS): — Permito-me relevar desde já que a proposta de lei que nos é remetida,
baseada nas conclusões do relatório apresentado pelo grupo técnico para a definição de critérios para a
avaliação da reorganização do território das freguesias, provém de um trabalho desenvolvido em parceria com
a Associação Nacional de Municípios Portugueses e com a Associação Nacional de Freguesias e prevê a
participação obrigatória dos órgãos autárquicos abrangidos, procurando mais bem garantir a estabilidade
territorial.
Sr.as e Srs. Deputados, foi com base na expectativa criada e no compromisso havido que muito trabalho já
foi feito pelo anterior Governo do Partido Socialista e que importa agora ajustar, no real interesse de autarcas e
populações, definindo, desta forma, critérios que promovam uma justa reorganização, corrigindo assim injustiças
praticadas.
O Partido Socialista reconhece a importância do serviço que é prestado às populações e do desenvolvimento
promovido pelas juntas e assembleias de freguesia e tudo fará para que se cumpra uma reorganização
administrativa justa, participada, e que carece de uma discussão aprofundada, conciliando sempre o passado e
o futuro.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado André
Ventura.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Houve extinção de freguesias contra
os órgãos autárquicos locais? Houve! Houve — e continua a existir — uma distância significativa entre a
população e órgãos autárquicos? Houve! Mas no rescaldo de umas eleições em que o PS não participou, no
último domingo, o PS quer agora apresentar-se com uma reforma autárquica quando faltam poucos meses para
as eleições autárquicas.
Recordo um título de 5 de junho de 2015 — 5 de junho de 2015, Srs. Deputados —, em que diz António
Costa: «O PS vai-se empenhar na revisão e na reversão da extinção das freguesias».
Estávamos em 2015. Passaram um, dois, três, quatro, cinco, seis anos e calhou — por Deus! — à porta das
autárquicas que esta reforma chegue ao Parlamento.
Isto é o pior serviço que fazemos aos cidadãos, fazer reformas de «régua e esquadro» a pensar nos eleitos
que vamos ter daqui a uns meses, chamar a atenção entre uns e outros a dizer que perdemos umas freguesias
mas agora podemos vir a ganhá-las… Ninguém quer saber da proximidade entre os políticos e os seus eleitores,
querem saber de lugares nas próximas autárquicas.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, queira concluir.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Só por isso é que se compreende que uma reforma que tem algum potencial seja manchada com a
proximidade de eleições autárquicas no horizonte. E o País inteiro percebe que só há um objetivo: aumentar os
eleitos do Partido Socialista e do Partido Comunista nestas próximas eleições. Não conseguirão!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para fazer perguntas à Sr.ª Ministra, que
falará depois, no final do debate, o Sr. Deputado José Maria Cardoso, em nome do Grupo Parlamentar do Bloco
de Esquerda.