I SÉRIE — NÚMERO 43
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pretende usar da palavra antes de ela fazer a intervenção de encerramento. Se a resposta for negativa, não
pode haver perguntas.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Exatamente. Está tudo muito claro e, portanto, tem a palavra a
Sr.ª Deputada Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Muito bem, Sr. Presidente, agradeço a sua atenção.
Neste momento, já de encerramento do debate, gostaríamos ainda de dizer o seguinte: vimos aqui, por parte
do PSD e do CDS, de facto, uma vitimização relativamente a esta discussão, procurando branquear aquilo que
são as suas responsabilidades pela extinção de milhares de freguesias no nosso País contra a vontade das
populações, ignorando, inclusivamente, pronúncias que foram feitas nos órgãos autárquicos,…
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Falem desta proposta!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … em que defendiam que a sua freguesia não devia ser extinta e, mesmo
assim, extinguiram-na.
Compreendemos, também, que não queiram discutir esta matéria — em particular o CDS, que fez essa
referência — porque ela relembra o ajuste de contas que quiseram fazer com o regime democrático da nossa
Revolução, afastando os eleitores, as populações, dos seus eleitos. Há inúmeras populações pelo País que nos
dizem que não têm contacto com os eleitos da sua freguesia.
A necessidade e a urgência que está colocada em cima da mesa, por parte das populações, é, de facto,
respeitar as suas posições. Ninguém quer reverter nada a «régua e esquadro», aquilo que se quer, tão somente,
é respeitar a vontade das populações e respeitar as decisões dos órgãos autárquicos.
A proposta que o PCP traz é neste sentido e a questão que está colocada é tão somente esta: o PCP está
disponível para encontrar as soluções; a questão é a de saber o que o PS pretende, se pretende, de facto, ir ao
encontro da reivindicação das populações e resolver este problema…
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Ah! Assim, está bem!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … ou se pretende impor um conjunto de imposições que impedem, de facto,
a reversão das freguesias onde essa é a vontade das populações.
Este é o debate e esta é a questão a que é necessário dar resposta para resolver o problema que está
colocado e que, de facto, é um sentimento de perda…
O Sr. André Ventura (CH): — Perda é dos vossos eleitos!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … no território do nosso País de norte a sul, do litoral ao interior, em que as
populações não se sentem identificadas e pretendem voltar a ter a sua freguesia e contam com o PCP nesta
luta.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para encerrar este debate, tem a palavra, em nome do Governo,
a Sr.ª Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública.
A Sr.ª Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública: — Sr. Presidente, Srs.
Deputados: Para terminar, queria dizer que populismo é reduzir a vontade das populações a uma distribuição
de lugares e, ainda por cima, a uma distribuição de lugares democraticamente eleitos. Aproximar a administração
das populações também é descentralizar — é mesmo, mesmo descentralizar — e aumentar a coesão social e
territorial.
Por isso, não se vislumbra como pode alguém que diz defender a descentralização vir agora entender que a
criação e a aprovação de critérios gerais e abstratos, que permite ir ao encontro da vontade das populações e
criar a presença do Estado junto das mesmas, seja algo que surge apenas por razões populistas, demagógicas
ou eleitorais.