I SÉRIE — NÚMERO 43
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deve-se tão-só a um problema de financiamento da própria empresa, aos 2500 postos de trabalho da mesma e
à importância que a Efacec e a sua atividade têm para o tecido económico português.
O certo é que o Estado prometeu na altura, e isso de alguma forma também tranquilizou o CDS, que iria
passar naquela empresa de forma transitória. Aliás, o Sr. Ministro Pedro Siza Vieira rapidamente veio dizer que
a intenção era reprivatizar no primeiro momento.
Houve um problema com uma acionista. Essa acionista, entretanto, interpôs uma impugnação à
nacionalização da Efacec. Importa também acautelar os custos e os riscos que podem estar por trás desta
nacionalização.
Não era fácil o dossier, era difícil. Eram muitos postos de trabalho e estamos a falar de uma empresa que,
naturalmente, é importante para o País. A expectativa do CDS é que, tal como foi anunciado, em março se inicie
então esse processo, essa fase de reprivatização.
Termino, Sr.as e Srs. Deputados, com uma conclusão óbvia: pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda, vamos
nacionalizar tudo! Nacionaliza-se a Efacec, nacionaliza-se a TAP, nacionaliza-se a EDP, nacionaliza-se a Galp.
Vamos nacionalizar tudo! Quem é que paga? Paga o contribuinte!
Mas não ficam só pela nacionalização. O que é que os senhores querem? Querem chegar às empresas e
meter o quê? Um teto máximo nos preços. E, no final, quem é que vai pagar outra vez? Vai pagar contribuinte.
Portanto, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, é importante manter esta empresa, mas é
importante que esta empresa passe para o lado privado e que não custe dinheiro aos contribuintes.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção será do Sr. Deputado Hugo Carvalho, do
Partido Socialista.
O Sr. Hugo Carvalho (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Em junho
do ano passado, o Governo tomou a decisão de nacionalizar 72% da Efacec.
Esta solução foi escolhida porque era imprescindível naquele momento defender uma empresa que
apresenta um conjunto de características únicas no contexto industrial do nosso País.
Fizemo-lo sem estereótipos ou radicalismos. Ignorámos todos aqueles que nos chamaram ou chamam
extremistas. Sim, extremistas, porque defendemos 2500 trabalhadores que viram, através de uma ação rápida
e cirúrgica do Estado, a defesa dos seus postos de trabalho.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Muito bem!
O Sr. Hugo Carvalho (PS): — Foi o Estado que os salvou, não foi a «mão invisível».
Aplausos do PS.
Defendemos uma empresa que tem representado um volume de negócios de 400 milhões de euros, mais de
70% em exportações do nosso País. Fomos extremistas, como alguns disseram. Felizmente —reconhecemos!
—, não foram todos. Mas fizemos aquilo que tínhamos de fazer para defender a produção nacional, para
defender um polo tecnológico e um cluster importante, que é fundamental na articulação com as nossas
universidades, na empregabilidade de mão-de-obra qualificada e que representa uma quota de mercado
interessante em áreas de forte crescimento.
Sr.as e Srs. Deputados, há algo inegável neste debate. Sem a nacionalização de 72% da Efacec, o País teria
perdido uma empresa estratégica, uma empresa estruturalmente viável, altamente especializada e com uma
enorme relevância no quadro da descarbonização da economia, que é um desígnio do nosso País e também da
Europa.
Sr.as e Srs. Deputados, encerrando este capítulo do bicho-papão da nacionalização e da crença cega na
«mão invisível», vamos falar do futuro da empresa.
Na mesma data em que anunciámos a nacionalização — que, repito, foi feita para dar viabilidade à empresa
e não para defender os créditos bancários, os financiadores ou os acionistas —, assumimos que não a iríamos
incluir no perímetro empresarial do Estado e que trabalharíamos numa solução de venda da comparticipação
estatal.