O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

19 DE FEVEREIRO DE 2021

53

proposta bastante temerária, tendo em conta que rever programas e currículos já é, de si, um trabalho complexo

e pouco consensual, até, em tempos de normalidade, mas, enfim…

Reconhecendo, no entanto, que há que adaptar as estratégias de ensino e métodos pedagógicos à realidade

que vivemos, de intermitência entre ensino presencial e à distância, parece-nos que o esforço tem de ser,

primeiro, o de encontrar todas as formas de garantir que os alunos aprendem o que está estipulado para cada

ano. Nesta fase, os alunos precisam de mais, não precisam de menos e, portanto, isso pode ser conseguido

seja estendendo o ano letivo, seja dando formação aos professores em estratégias adequadas, seja garantindo

apoios e tutorias aos alunos que forem ficando para trás.

Esta iniciativa tem o seu quê de sui generis, até porque o PAN pede uma coisa e o seu contrário, ou seja,

pede, por um lado, que se reduzam os programas e, portanto, se ensine menos, mas, ao mesmo tempo, que se

garanta a exigência académica, por oposição ao facilitismo. Não se pode «comer o bolo e ficar com ele no

prato», há que decidir qual das duas é que querem.

O segundo projeto é sobre educação para o bem-estar animal e, sobre isto, serei muito breve. A proteção

animal, a educação e a sensibilização das crianças para o respeito pela vida e bem-estar animal devem, no

nosso entender, ser enquadradas numa visão ampla e integral da cidadania, da consciência dos valores

positivos e do mundo, que é a nossa casa comum. Uma criança ou um jovem formado nestes princípios,

seguramente, respeitará os animais e, mais importante, respeitará toda a comunidade em que está inserido,

conhecendo, aceitando e respeitando as diferenças.

Finalmente, refiro-me à iniciativa do CDS para fazer face ao incumprimento da promessa do Sr. Primeiro-

Ministro de um computador para cada aluno. Muitas famílias — sabemos — têm sido confrontadas com a

necessidade de adquirir equipamentos informáticos, quer por causa do teletrabalho, quer como material escolar

para os seus filhos na idade de ensino obrigatório ou na universidade, com acréscimos a orçamentos familiares

muitas vezes, neste momento, já depauperados. É por isso que propomos que, transitoriamente, os encargos

com equipamentos informáticos das famílias com estudantes de qualquer nível de ensino, incluindo o ensino

superior, possam ser deduzidos à coleta de IRS, como despesas de educação, em 50% do seu valor e até um

máximo de 250 € por membro do agregado. Esta deve ser uma medida de aplicação imediata, que, na

apresentação do projeto, explicamos que não colide com a norma-travão e que deve ser também excecional,

para apoiar os alunos e as suas famílias e minimizar o incumprimento do Governo na garantia das condições

que neste momento são necessárias, e não sabemos se não terão de voltar a ser, para o ensino à distância.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Cotrim de

Figueiredo, da Iniciativa Liberal.

O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Na discussão do Orçamento

deste ano, a Iniciativa Liberal propôs que as famílias pudessem deduzir, no IRS, as despesas com a aquisição

de equipamentos informáticos. O objetivo era simples: acelerar o processo de transição digital e facilitar o acesso

das famílias a instrumentos de trabalho e ensino à distância. Tudo isto num contexto que a pandemia só veio

acelerar, em que o papel destes equipamentos se torna cada vez mais central para aprender, para trabalhar,

para estar informado, para interagir com empresas, com o próprio Estado e uns com os outros.

A nossa proposta foi, na altura, chumbada pelo PS, pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, com a abstenção

do Chega e do PSD. Só o CDS e o PAN, e a Iniciativa Liberal, naturalmente, votaram a favor. E hoje, perante

uma das propostas do PAN que vai no mesmo sentido, voltaremos, naturalmente, a votar a favor.

Mas quero deixar duas breves notas finais. A primeira é para dizer que também concordamos com o PAN,

quando este refere que se tornou necessária e urgente uma revisão dos programas curriculares, face ao contexto

de ensino em que vivemos.

Uma segunda nota é mais um alerta: era bom que o Ministro Brandão Rodrigues definisse já qual vai ser o

regime de melhoria de nota este ano, a menos que tenha ficado muito satisfeito com a injustiça e a confusão

que tivemos no ano passado, com milhares de alunos impedidos de ver as notas de exame contribuírem para a

melhoria de nota final. Defina-se isto já, até para não termos de assistir a mais um exercício de contorcionismo

constrangedor do Ministro.