26 DE FEVEREIRO DE 2021
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continuaremos a prosseguir, com medidas epidemiologicamente efetivas e socialmente sintónicas, adequadas
e proporcionais a cada momento da evolução da pandemia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, terminámos o debate do Relatório sobre a Aplicação da Declaração
do Estado de Emergência no período de 16 a 30 de janeiro de 2021.
Vamos passar ao segundo ponto da nossa ordem de trabalhos, que é o do debate sobre o pedido de
autorização de renovação do estado de emergência. O Sr. Presidente da República dirigiu uma mensagem à
Assembleia da República para efeitos desta autorização, a qual contém a fundamentação e o conteúdo do
projeto de decreto do Presidente da República.
Queria apenas recordar-vos alguns aspetos que são salientados na mensagem do Sr. Presidente da
República, que passo a ler:
«Considerando que continua a manter-se a situação de calamidade pública provocada pela pandemia
COVID-19.
Considerando que as medidas tomadas no quadro do estado de emergência estão a ter os efeitos sanitários
positivos desejados, com alargado cumprimento das restrições em vigor, que se traduziu numa redução
significativa de novos casos, bem como da taxa de transmissão, embora a incidência média continue a ser
bastante elevada, bem como o número dos internamentos e de mortes.
Considerando que não é recomendado pelos peritos reduzir ou suspender, de imediato, as medidas de
restrição dos contactos, sem que os números desçam abaixo de patamares mais geríveis pelo SNS, que sejam
aumentadas as taxas de testagem e a vigilância de novas variantes, que a vacinação possa cobrir uma parte
significativa da população mais vulnerável para a COVID-19, contribuindo para uma crescente imunidade de
grupo.
Considerando que o futuro desconfinamento deve ser planeado por fases, com base nas recomendações
dos peritos e em dados objetivos, como a matriz de risco, com mais testes e mais rastreio, para ser bem-
sucedido.
Considerando que se impõe, em consequência, renovar, uma vez mais, o estado de emergência para permitir
ao Governo continuar a tomar as medidas mais adequadas para combater esta fase da pandemia, enquanto
aprove igualmente as indispensáveis medidas de apoio às famílias, aos trabalhadores e às empresas mais
afetados, designadamente os apoios diretos às famílias, ao emprego e às empresas, incluindo as moratórias
financeiras, fiscais e contratuais, os apoios a fundo perdido, o layoff, as medidas de capitalização das empresas
e prepare o futuro desconfinamento gradual.»
Assim, o Sr. Presidente da República propõe à Assembleia da República que seja renovada a declaração do
estado de emergência, com fundamento na verificação de uma situação de calamidade pública.
Para abrir o debate, tem a palavra o Sr. Deputado Alexandre Quintanilha, do Grupo Parlamentar do Partido
Socialista.
O Sr. Alexandre Quintanilha (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: É em
momentos difíceis que procuramos alicerces que nos ajudem a confiar num futuro melhor e são vários os atuais
desafios — a pandemia da COVID-19, as alterações climáticas, a fragilização do emprego e o retrocesso de
múltiplos avanços na coesão territorial, na igualdade de direitos e de oportunidades e na nossa qualidade de
vida em geral.
Todos estes são desafios que, claramente, têm vindo a fragilizar as nossas democracias e requerem uma
atenção redobrada dos que as defendem. A esse alicerce damos o nome de conhecimento. Porquê? Porque
todos queremos confiar que as decisões, as nossas e as dos outros, se baseiam no conhecimento mais robusto
existente e não em meras opiniões que, como sabemos, proliferam.
No entanto, frequentemente esquecemo-nos de que o conhecimento leva tempo. A investigação e a inovação
alimentam-se mutuamente, mas são um processo longo e extenso. O mesmo pode dizer-se da confiança e da
própria democracia: levam tempo a construir e, por isso mesmo, serão sempre um trabalho inacabado, que exige
uma aposta continuada.