I SÉRIE — NÚMERO 47
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É indispensável dar combate à epidemia, garantir o apoio a quem está a ser atingido pelas consequências
do confinamento e preparar a retoma das atividades que se encontram encerradas, nomeadamente as escolas,
as atividades culturais e desportivas, a restauração e o comércio.
No plano da saúde, são três as grandes prioridades a considerar.
A primeira prioridade consiste em reforçar as equipas de saúde pública, de forma a que o aumento do rastreio
e da testagem seja feito com critério e não de forma indiscriminada e de forma a garantir a capacidade de
identificar e interromper as cadeias de transmissão. Isso é tão necessário hoje, para travar a epidemia na
situação em que ainda nos encontramos, como no futuro, para evitar novas situações de descontrolo de infeções
e de transmissão comunitária.
A segunda prioridade consiste em garantir o cumprimento dos objetivos de vacinação para alcançar os níveis
de imunidade de grupo necessários à recuperação da normalidade na vida nacional. Perante a falta de vacinas,
insistimos que Portugal tem de se libertar do «colete de forças» imposto pela União Europeia, com os contratos
assinados com as farmacêuticas. É preciso diversificar a aquisição de vacinas, garantindo as necessárias
condições de segurança e eficácia, e cancelar ou suspender as patentes das farmacêuticas, de forma a que
seja possível aumentar a produção.
A terceira prioridade consiste em reforçar o SNS e valorizar os profissionais de saúde, porque a epidemia
não está ultrapassada, porque é preciso recuperar atrasos na prestação dos cuidados de saúde que ficaram
para trás e porque não se pode contar com hospitais privados, que negam até tratamento a quem cai nas suas
instalações se não tiver dinheiro para pagar. É absolutamente essencial que o SNS seja reforçado e os seus
profissionais valorizados.
A par da resposta no plano da saúde, é necessário garantir os apoios sociais a quem deles necessita, travar
o desemprego e evitar falências. É preciso concretizar o que está no Orçamento do Estado para 2021, em termos
de apoios às famílias, aos desempregados, aos idosos, e é preciso garantir o acesso das MPME (micro,
pequenas e médias empresas) aos apoios, sem restrições burocráticas, criadas artificial e ilegalmente para
aliviar a execução orçamental. Se o Orçamento do Estado diz que as MPME devem ser apoiadas, mesmo que
tenham sido criadas já em 2020, as MPME não podem ser barradas nesses apoios e têm mesmo de ser
apoiadas.
Por fim, é preciso planear e definir, em cada área e setor, as condições necessárias para abrir, o mais
rapidamente possível, as atividades encerradas. Seja as escolas, os transportes públicos, as atividades culturais
ou desportivas, a restauração ou o comércio, é preciso tomar medidas para garantir que a sua reabertura não
demore e que a mesma seja feita em condições de tranquilidade e segurança para toda a gente.
Também nesse âmbito, é preciso que o Governo não queira poupar nos apoios e no investimento que é
necessário fazer para garantir as condições de retoma geral das atividades.
Chamamos a atenção para a necessidade especial de investimento na escola pública, para que as escolas
possam recuperar os prejuízos impostos às crianças e jovens que, entre 2020 e 2021, viram já perdido o tempo
correspondente a um período letivo. Estes prejuízos, não apenas em termos educativos, mas também em termos
sociais e até em termos de saúde física e mental, têm de ser recuperados, exigindo-se o reforço de professores,
de auxiliares e técnicos especializados, o reforço de meios afetos ao trabalho com crianças e jovens com
necessidades educativas especiais, a redução do número de alunos por turma e outras medidas que já estão,
neste momento, identificadas em muitas escolas por todo o País.
Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, a situação nacional continua a ser difícil,
mas Portugal continua também a ter os recursos necessários para ultrapassar essas dificuldades.
Haja vontade de concretizar a política alternativa necessária para alcançar esse objetivo.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
Tem a palavra o Sr. Deputado João Gonçalves Pereira para uma intervenção.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados: Os debates de renovação do estado de emergência tenderam, nos últimos meses, a tornar-se em
tudo, menos na dimensão da tragédia, muito repetitivos. Os números variam, mas a incerteza mantém-se.