I SÉRIE — NÚMERO 47
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Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, uma vez mais somos chamados a debater a renovação do estado de
emergência.
O estado de emergência não serviu para garantir as medidas que tinham de ser tomadas até agora e não
tem utilidade para o que é preciso fazer no futuro imediato. Esperemos que estes debates não sirvam para que
não se responda com emergência aos problemas que agora assinalámos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: No enésimo estado de emergência, podemos
dizer que as grandes apostas que o Estado fez falharam. Falhámos nos testes, falhámos na vacinação, falhámos
quando dissemos às pessoas que tínhamos um dos melhores SNS do mundo, o que não é compatível com
dezenas de ambulâncias à porta dos hospitais, com pessoas a morrer. Falhámos quando dissemos que íamos
ter programas-piloto fantásticos, como o APOIAR, que hoje estão fechados e sem dinheiro, para aqueles que
desesperadamente precisavam do apoio do Estado português.
Agora que os nossos vizinhos começam a desconfinar e que até a Inglaterra, que era dada como o mau
exemplo da Europa, começará a desconfinar no dia 8 de março, nós continuamos encerrados, fechados que
estamos, por ser a única solução possível num Governo que falhou em tudo e que não foi capaz de prever o
que aí vinha.
Mas, no meio deste empobrecimento coletivo de rendimentos, de falências, ilustres socialistas discutem se
devemos mandar o Padrão dos Descobrimentos abaixo, ou se devemos gastar 15 milhões na luta contra o
racismo, ou se devemos destruir a Praça do Império, com os símbolos coloniais. É dinheiro atirado fora,
enquanto os portugueses sofrem nas suas casas, nas suas famílias e nas suas vidas. Isto não é «gozar com
quem trabalha», é gozar com os portugueses, e, isso sim, deveria ser grave de apontar neste País.
Gastamos dinheiro em tudo e mais alguma coisa e, quando olhamos para a última semana, percebemos que
tudo desceu em Portugal, tudo, exceto duas coisas: o preço da gasolina e o desemprego. É este o País que
temos para dar às pessoas, depois de anos de sacrifício e meses de confinamento: um País que aumenta a
gasolina, que aumenta os custos de vida, que reduz salários, que reduz emprego e que destrói aqueles que por
si fizeram!
Vou terminar com uma frase de Pedro Passos Coelho,…
Vozes do PS: — Oh!…
O Sr. André Ventura (CH): — … que dizia: «Estas medidas põem o País a pão e água. E não se põe um
país a pão e água por mera precaução, deve-se fazê-lo apenas por patriotismo.» Tenho medo, tenho pena e
vergonha de que António Costa não aprenda com Pedro Passos Coelho aquilo que é gerir um País em tempos
de crise.
Protestos de Deputados do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, do
Iniciativa Liberal.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O novo período de estado
de emergência, que o Sr. Presidente da República pede que seja renovado, irá começar, por ironia do destino,
no próximo dia 2 de março, dia em que se completa exatamente um ano desde que foi detetada a primeira
pessoa infetada com SARS-CoV-2, em Portugal — um ano.
Os números oficiais indicam que houve, até hoje, 801 746 pessoas infetadas e que morreram 16 185 pessoas
e sabemos que estes números, se pecam por alguma coisa, é por defeito. Muitos mais terão tido contacto com
a doença e sérios problemas de saúde. A dor que todos estes portugueses e as suas famílias sofreram, nesta
altura, merece respeito.