18 DE MARÇO DE 2021
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Ainda nesta primeira pergunta, uma matéria de que hoje o Sr. Primeiro-Ministro foi falando, mas pouco — e
não estou a dizer que os outros temas não sejam da maior relevância mas seguramente este também é —, é o
desconfinamento e o plano que está em ação.
O Sr. Primeiro-Ministro disse-nos, na altura, que era um plano a conta-gotas. Porém, mesmo sendo a
conta-gotas, a velocidade das gotas pode não ser irrelevante, porque podemos aplicar a conta-gotas com
maior velocidade ou com menor velocidade, como é evidente.
Comparando com outros planos, como, por exemplo, o britânico, eu diria até que a velocidade das gotas é
relativamente rápida. E porquê? Porque no plano britânico, conforme se viu, nada aconteceu sem pelo menos
15 dias de intervalo e de avaliação. O nosso plano foi anunciado para começar quatro dias depois e entre cada
uma das fases existe um período também que ronda os 15 dias, enquanto no outro plano há um espaço maior.
A questão aqui, Sr. Primeiro-Ministro, procurando evitar que se cometam erros e até com as dúvidas de
prudência que foram levantadas, é, por exemplo, saber se o 1.º ciclo não se deveria só iniciar depois da
Páscoa. A verdade é que ele se iniciou sem que esteja garantida a vacinação dos professores. Sabemos que
há factos que levaram a isso, mas sem que o número de testes seja suficiente — temos queixas nesse sentido
— e sem que tenham sido seguidos todos os critérios dos especialistas, que recomendavam, para além dos
dois critérios que foram adotados naquele seu quadrado com aquele x, também a avaliação do índice de
positividade e ainda a própria incidência no Sistema Nacional de Saúde, diria que nem todos os critérios foram
adotados, pelo que a pergunta aqui é evidente.
Sr. Primeiro-Ministro, podia perguntar-lhe também sobre os testes nas farmácias, porque ainda existe
alguma dúvida sobre isso, ou seja, quando entrarão em vigor e se haverá ou não reporte desses mesmos
testes, porque isso é relevante, mas sabemos que não temos um número de testes suficiente e não temos
rastreadores suficientes, ou seja, quantos rastreadores aumentámos é também uma boa pergunta.
Pergunto-lhe ainda se não estaremos aqui a cometer alguma imprudência, se isto, na sua perspetiva, não
pode ser um risco, tendo em conta que a primavera e o verão são essenciais para os setores mais
penalizados como o turismo e a restauração.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Telmo Correia, não cabe ao Governo exprimir a
posição do Partido Socialista, que é expressa pela bancada do Partido Socialista, com toda a sua autonomia.
Creio que é conhecida a sua posição, pelo que não me parece que possa acrescentar muito sobre essa
matéria.
O Governo tem um hábito, que é o seguinte: tal como não se costuma pronunciar sobre as decisões dos
tribunais, tal como não se costuma pronunciar sobre as decisões do Presidente da República, também não
costuma pronunciar-se sobre as decisões da Assembleia da República. Respeita-as, como deve respeitar as
decisões de qualquer outro órgão de soberania, naquele que é o estrito cumprimento da Constituição e do seu
princípio da separação e interdependência de poderes.
Quanto ao desconfinamento, como é sabido, é sempre possível achar tudo. Sabemos qual é o critério do
CDS: é sempre contra aquilo que o Governo decide.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Ora bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Não está a ser justo!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se o Governo decide fechar os restaurantes, o líder do CDS vai manifestar-se
apelando à abertura dos restaurantes.
Aplausos do PS.
Se o Governo abre as escolas do 1.º ciclo, o CDS é contra a abertura das escolas do 1.º ciclo. Portanto, o
critério do CDS é simples, claro, transparente e compreensível. O nosso é um bocado mais difícil, reconheço,
e não lhe podemos dizer que fazemos tudo ao contrário daquilo que o CDS acha que se deva fazer porque,