26 DE MARÇO DE 2021
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Da mesma forma, mais do que milhares de milhões — ainda hoje de manhã ouvia falar em mais milhares de
milhões e nem vale a pena aqui entrar nas várias contradições quanto aos números —, não é possível deixar
de lembrar o alívio fiscal e contributivo que não existiu.
No ano passado, ainda me lembro de o Governo me lembrar de um alívio fiscal e contributivo de 3900 milhões
de euros. No fim do ano, feitas as contas, a realidade chegou a pouco mais de um terço do que havia sido
anunciado.
Da mesma maneira, o programa APOIAR.PT, que tem como certo o facto de ser a fundo perdido e o facto
de fazer depender o apoio de critérios objetivos — essa parte é positiva —, tem um problema: o problema é que
é pouco. É mesmo muito pouco, face às necessidades.
Ora, é por tudo isto que a válvula de escape do sistema foram as moratórias bancárias e é por isso que elas
são uma bomba-relógio.
Gostava de lembrar que quando se fala em prorrogar as moratórias, ou melhor, em adiar o pagamento das
moratórias, não estamos a falar em desativar a bomba-relógio, estamos apenas a falar em adiar o momento da
sua explosão.
Sim, não é agora possível as empresas passarem a pagar e não continuarem a ter moratórias, mas é preciso
também começar a pensar numa solução para o futuro, porque elas não vão poder existir para sempre.
Em suma e concluindo, não podemos ter dois países, um que pode confinar e que continua a ter o seu
trabalho, os seus direitos e o seu salário, e outro que perde tudo, não encontra respostas e não pode ficar em
casa porque, pura e simplesmente, não encontra forma de se sustentar.
Assim, o CDS votará favoravelmente este estado de emergência na medida do estritamente necessário para
que o País possa desconfinar em segurança e continuará a propor alternativas para que Portugal seja um só a
ultrapassar as dificuldades.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado André Silva, do Grupo Parlamentar do PAN.
O Sr. André Silva (PAN) — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Os dados
mais recentes sobre a evolução da situação epidemiológica do País demonstram-nos que os cidadãos e as
cidadãs, com sacrifício, esforço e resiliência, estão a conseguir manter a tendência de redução do número de
casos e a evitar que o País ultrapasse as linhas vermelhas que nos devem orientar nos próximos tempos e que
são um referencial para a aplicação de medidas restritivas.
Mas os riscos não desapareceram. Basta ver que, por exemplo, o R se aproxima a passos largos de 1, algo
que, se persistir, nos obrigaria a recuar. Seria irresponsável ignorá-lo e mudar radicalmente de posição só para
dizer o que as pessoas querem ouvir.
Nas últimas semanas, tem havido um aumento da mobilidade e dos contactos para lá do expectável com o
atual nível de restrições, nomeadamente das pessoas mais idosas, que erradamente associam a vacinação à
não transmissibilidade. É preciso que o Governo e as autoridades de saúde comuniquem melhor, façam
perceber que a desobediência de hoje pode significar a restrição de amanhã, que é algo que ninguém quer, e
repitam até à exaustão que a vacinação não pode, por agora, trazer a redução de cautelas.
É sabido também que o risco de novas variantes está aí e veio para ficar. Por isso, aqui, devemos fazer duas
coisas: por um lado, continuar a intensificar a vigilância epidemiológica, com uma rede colaborativa de
laboratórios, e, por outro, o Governo deve evitar repetir os erros que permitiram a entrada em massa da variante
britânica, tomando medidas firmes e restritivas no controlo de fronteiras, com uma rede que, de forma eficaz,
voo a voo, identifique a respetiva origem, exija testes a cada um dos passageiros e a quarentena preventiva. A
leveza no controlo de fronteiras e na monitorização de novas variantes hoje será, pela certa, a restrição de
amanhã.
Por fim, é preciso não esquecer que a chave para um desconfinamento eficaz e duradouro está na testagem
massiva da população e no sucesso do plano de vacinação.
No que respeita à testagem, saudamos o facto de o Sr. Presidente da República ter acolhido a sugestão do
PAN e consagrado, no seu Decreto, a possibilidade de se fixarem tetos máximos de preços quanto aos
autotestes, para assegurar que este mecanismo adicional possa estar acessível ao maior número de pessoas,
não constituindo um privilegio só para alguns. Ao Governo exige-se, enquanto é tempo, que retire esta