I SÉRIE — NÚMERO 52
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O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, tem a palavra o Governo, através do Sr. Ministro da
Administração Interna, Eduardo Cabrita.
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estamos aqui hoje,
neste debate, a discutir o 14.º decreto de estado de emergência, apresentado à Assembleia da República pelo
Sr. Presidente da República.
O primeiro ocorreu há sensivelmente um ano atrás, quando aqui nos reunimos no dia 18 de março de 2020.
Estamos perante aquele que é o maior desafio de coesão nacional, de unidade europeia, de capacidade de
nos unirmos na defesa da saúde pública e dos valores democráticos. Esta pandemia, até hoje, já afetou mais
de 2,5 milhões de cidadãos europeus e provocou, na União Europeia, quase 600 000 mortos.
Em Portugal, estamos hoje confrontados com a avaliação desta proposta do Sr. Presidente da República,
mas, sobretudo, também com a convergência estratégica entre a manifestação de que, provavelmente, teremos
de estar em estado de emergência até ao início de maio, em convergência com o plano de desconfinamento
apresentado pelo Governo, igualmente prevendo um plano faseado, com regras claras, transparente, de
desconfinamento até 3 de maio.
Estamos hoje confrontados, Sr.as e Srs. Deputados, com um apelo à convergência, com um apelo à
resiliência, em torno de medidas que temos aprovado, que temos executado e que estão a provar que têm
sentido, que dão resultado.
É por isso que nos últimos 45 dias, desde o final de janeiro, aquilo que verificamos é que Portugal tem hoje
cerca de um sexto dos casos ativos do que tinha no final de janeiro; que hoje o número de internamentos é
menor, reduzindo-se também a cerca de um quinto daqueles que tínhamos há mês e meio atrás e que, mesmo
nos cuidados intensivos, temos vindo a consolidar uma evolução claramente positiva.
Aplausos do PS.
É com base nesta avaliação dos resultados que hoje podemos mesmo dizer que, pela primeira vez desde
que tenho estado aqui convosco a fazer estes debates, há um ano, em termos homólogos, estamos melhor do
que no dia homólogo de há um ano atrás.
Há um ano tínhamos, neste tempo homólogo, mais casos e mais mortes a registar do que as que foram
registados no dia de hoje. Por isso, Srs. Deputados, temos de nos mobilizar para que na próxima quinzena, que
é decisiva, sobretudo nestes dias até à próxima semana, até 5 de abril — em que se jogará a nossa capacidade
de fazer este esforço coletivo e provarmos a nós próprios que temos capacidade de resiliência, que conseguimos
—, possamos afirmar aqui os resultados que nos permitirão, de acordo com o programa do Governo, a seguir à
Páscoa, que igualmente o 2.º e o 3.º ciclos possam ter aulas, que possam abrir as áreas de esplanada nos
restaurantes e que as lojas de rua, de bairro, possam abrir.
Isso depende de todos nós; isto não terminou e depende, fundamentalmente, daquilo que fizermos nos
próximos dias, até à Páscoa.
Aplausos do PS.
É por isso que, neste momento, queria manifestar a minha profunda confiança nos portugueses, a minha
profunda confiança nas instituições democráticas, a minha confiança no Serviço Nacional de Saúde e —
permitam-me também dizê-lo —, a minha confiança nas forças de segurança, pela sua dedicação à causa
pública.
A minha confiança nos portugueses porque a eles se deve o essencial destes resultados dos últimos 50 dias
e dos portugueses dependerão os resultados que espero que possamos estar aqui a analisar no próximo debate,
no início de abril.
A minha confiança nas instituições porque só esta convergência estratégica, esta cooperação entre
Presidente da República e mais de 80% da Assembleia da República e o Governo é que nos permite o quadro
jurídico, o quadro institucional, que permite a adoção de medidas que nos levam a este resultado.