26 DE MARÇO DE 2021
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A Sr.ª Joacine Katar Moreira (N insc.): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Celebrámos ontem o Dia Nacional
do Estudante, que é celebrado desde 1987, algo que foi estabelecido em homenagem aos estudantes vítimas
de repressão social fascista em 1962.
Os estudantes são agentes de transformação política, social e cultural de todas as sociedades e merecem a
oportunidade de desenvolver as suas aptidões e capacidades em condições propícias.
Em tempo de COVID-19 e de pandemia sanitária, temos pedido imenso às escolas, aos professores, às
professoras, aos trabalhadores das escolas e das instituições de ensino, das universidades, e temos pedido
imenso aos estudantes e às estudantes nacionais.
A pandemia revelou graves assimetrias sociais, revelou graves assimetrias económicas entre alunos e
alunas, exigiu alterações drásticas aos métodos de ensino, com as aulas online, a abertura e o fecho de escolas,
dificuldades de aprendizagem, alunos sem computador nem material, enfim, expondo as insuficiências do
sistema educativo nacional.
Precisamos de trabalhar por um ensino igualitário, cooperativo, inclusivo, acessível, e precisamos de apelar
a uma renovação dos curricula que privilegie novos entendimentos, novas visões e, igualmente, novas formas
não de transmissão de conhecimento mas de partilha de conhecimento.
Saúdo os estudantes da greve climática e estudantil, bem como todas e todos os estudantes desfavorecidos
que, em condições dificílimas, se têm esforçado para se manter. É necessário apelarmos ao modelo de
educação que reflita as necessidades, as expetativas e os interesses dos estudantes e das estudantes.
O Sr. Presidente: — É a vez da Sr.ª Deputada não inscrita Cristina Rodrigues intervir.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Cristina Rodrigues (N insc.): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: A
incidência cumulativa a 14 dias da COVID-19 em Portugal tem mantido uma tendência de descida em todo o
País.
Atualmente, somos o Estado-membro da União Europeia com menos novos casos por milhão de habitantes
e com menos mortes diárias do que a média europeia, resultado do esforço coletivo que tem sido feito. Mas nem
tudo são boas notícias. Em matéria de vacinação, 91% da população portuguesa ainda não tomou qualquer
dose da vacina.
Sabemos que para conseguir atingir o objetivo de vacinar 70% da população até ao final do Verão é
necessário triplicar a atual capacidade. E se é verdade que está a ser preparada a abertura de novos centros
de vacinação, também é verdade que muitas autarquias declararam já que, se os recursos materiais e humanos
não forem reforçados, não será possível cumprir esse objetivo.
Em suma, precisamos de enfermeiros para cumprir o plano de vacinação, recuperar a atividade programada,
assegurar o tão necessário descanso destes profissionais e melhorar a qualidade dos serviços. É por isso com
surpresa que recebemos notícias de que existem enfermeiros a serem dispensados.
Sim, sabemos que o Governo anunciou que não faltariam enfermeiros e identificou a falta de 2500 destes
profissionais. Esperamos que este processo de recrutamento não decorra como o relativo à contratação de 40
psicólogos para o SNS, que se iniciou em 2018 e não tem fim à vista.
A um plano de vacinação eficiente dever-se-á juntar um plano de testagem massiva. De outra forma não
conseguiremos voltar à normalidade tão cedo, com todas as implicações sociais e económicas que isso terá
para as pessoas.
Veja-se o setor da cultura, que encerrou as suas portas em março de 2020, com a agravante de a maioria
dos profissionais do setor ainda não ter recebido um único euro. Pelos vistos, o Programa Garantir Cultura ainda
não garantiu nada.
No fundo, devemos fazer tudo para que o processo de desconfinamento seja bem-sucedido e possamos
acabar quanto antes com a declaração do estado de emergência, até porque este não é necessário para
continuarem a existir determinadas medidas restritivas.
Se é verdade que temos de sobreviver à crise pandémica, também é verdade que não podemos continuar a
desconsiderar a crise económica e social.