22 DE ABRIL DE 2021
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há dias um autarca de 76, a abertura de acessos às freguesias, aos lugares e às habitações, os bens e serviços
essenciais, o abastecimento de água, o saneamento, a eletrificação, a habitação condigna, os cuidados de
saúde pública e o médico de família, a universalização do acesso ao ensino básico, secundário e superior, o
acesso à cultura e ao conhecimento e o aprofundamento do conteúdo democrático com a participação cívica e
política, que enriquece a democracia representativa.
Aplausos do PS.
A interiorização, na nossa cidadania, da necessidade de promovermos uma cultura democrática mais
exigente, assente na transparência e na prestação de contas, é um dever de todos.
Sr.as e Srs. Deputados, o PS está no cerne da nossa vida coletiva, está em todos os progressos que o País
registou, mantém a sua liderança por estar sintonizado com as aspirações populares e por saber dosear
liberdade com respeito pela individualidade, por procurar o interesse coletivo e por ser eficiente a conciliá-lo com
o cuidado pelas aspirações individuais.
Foi a ação conjugada da administração local, regional e nacional que permitiu vencer atrasos de séculos e
que vale a pena lembrar: a taxa de mortalidade infantil que passou de 78%, em 1960, para 2,8% em 2019; a
esperança média de vida, que aumentou para em 16 anos para os homens e em 15 anos para as mulheres; o
alojamento próprio que aumentou de 38,8%, em 1960, para 73%, em 2019; a água canalizada que, em 1970,
estava em 47% das casas para 99%, em 2019, das casas; e a taxa de analfabetismo que passou de 26%, em
1970, para 5,2%, em 2011.
Aplausos do PS.
Refiro ainda o abandono escolar que passou de 44%, em 2001, para os 11%, em 2019; o número de pessoas
inscritas no ensino superior que passou de pouco mais de 83 000, em 1981, para cerca de 400 000, em
2020/2021; a taxa de pobreza que tem vindo a ser reduzida; e também a qualidade da democracia.
Importa assinalar a evolução positiva da satisfação com a democracia entre 2015 e 2018. Num índice que
varia entre 1 e 4, em 2018 atingiu, em Portugal, 2,71, acima da média da União Europeia, com uma média de
2,55.
A confiança no Parlamento nacional aumentou no mesmo período. Atingimos 32,3, quando a média da União
Europeia era de 27,7. A Espanha estava com 8,2.
Falta, naturalmente, avaliar os efeitos desta pandemia nestes indicadores positivos. Muito há que fazer, Sr.as
e Srs. Deputados, com certeza, mas, ter um discurso negacionista sobre estes resultados que mostram que o
País tem feito um caminho extraordinário de desenvolvimento é denegrir o esforço e atentar contra a inteligência
de todos os portugueses.
Sr.as e Srs. Deputados, os valores democráticos estão confrontados com desafios muito exigentes, impostos
por uma suposta cidadania que faz por esquecer o passado «dos filhos dos homens que não foram meninos»,
que quer resultados para ontem, que faz o escrutínio, 24 horas sobre 24 horas, sobre as decisões políticas.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. José Luís Carneiro (PS): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Essa pressão, feita nas redes sociais — onde vive gente bem-intencionada — e nas notícias ao segundo,
impede o tempo de maturação e de processamento regular das instituições. Dá a ideia de que o tempo da
Rebelião das Massas atua, agora, nas redes, atua nas perceções, o seu tempo não é o tempo das instituições
democráticas.
Há que promover uma cultura de proximidade, de transparência, de prestação de contas, de envolvimento
dos cidadãos, particularmente dos mais jovens, na vida das instituições.
É imprescindível pugnar por um discurso público sério, rigoroso, alicerçado no conhecimento e na razão, um
discurso que, valorizando a ética das convicções, não deixe de assentar na ética da responsabilidade, porque é
ela também a ética da República, em nome e em defesa dos valores de Abril, Sr.as e Srs. Deputados, para que
os nossos dias continuem «inteiros e limpos», como escreveu Sofia de Mello Breyner.