I SÉRIE — NÚMERO 57
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Esse justo equilíbrio fez-se por intermédio de um ajustamento permanente às condições de vida do País, tendo
em conta o instrumento da justiça social e as políticas de correção das desigualdades sociais.
Foi essa a marca que ficou inscrita na Constituição e é essa a marca de que o Partido Socialista, ainda hoje,
se orgulha de ser um dos mais intransigentes defensores.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. José Luís Carneiro (PS): — Quanto às desigualdades que ainda subsistem, pude sinalizar que muito
há que fazer, mas permitam-me que vos transmita que, como Secretário de Estado das Comunidades
Portuguesas, tive a oportunidade de conhecer perto de 60 países, nos quais viajei pelo seu interior, tendo
conhecido regiões e localidades diversas. E permitam-me que afirme, com alguma solenidade, que não há
muitos países no mundo que consigam compatibilizar de forma tão equilibrada estes valores da liberdade
individual, das liberdades cívicas e das liberdades políticas com um desenvolvimento equilibrado e harmonioso,
um desenvolvimento em que se procura, permanentemente, uma maior coesão social e uma maior justiça
territorial.
Essa é uma das marcas que herdámos da transição e da consolidação dos valores democráticos e é uma
das marcas em que Portugal se compara bem com todos os outros países.
Sobre o percurso que fizemos ao longo destes 47 anos de vida democrática, Sr. Deputado André Ventura,
não sei em que país viveu e em que país cresceu. Sei dizer-lhe que andava eu na 4.ª classe quando chegou a
eletricidade à minha casa. E pude viver, com a mesma alegria, os testemunhos que, há dias, foram transmitidos
pelos autarcas de 1976, a alegria de que, dia a dia, ano após ano, com trabalho esforçado de autarcas, que se
dedicaram à vida das populações, pudemos assistir a uma transformação radical das condições de vida das
nossas populações.
Aplausos do PS.
Da minha escola primária, só três conseguiram terminar uma licenciatura… Isso mostra bem as
desigualdades que prevaleciam neste País.
Do meu ponto de vista, o maior crime social que se cometeu no anterior regime foi o de gerações e gerações
que, com 9, 10, 11, 12 anos de idade, iam trabalhar para a indústria, para as terras, sem que algum dia pudessem
almejar ter acesso à escola, à escolarização,…
Aplausos do PS.
… ao ensino superior, para exprimirem e desenvolverem a sua inteligência, a sua sensibilidade, em
condições de igualdade e de fraternidade, como aqui procuramos defender.
Julgo que muitos, neste Parlamento, que conheceram o modo como o País se transformou ao longo destes
47 anos, me acompanham. É por isso que negar o esforço que foi feito por este País significa desrespeitar o
esforço de mulheres e de homens que, da vida local à vida nacional, entregaram as suas vidas na luta, na
clandestinidade e no exílio, por uma sociedade mais decente.
Sabem que a vida do Partido Socialista, como a conhecemos hoje, começou há 48 anos, mas ela vem do
século XIX, de 1875, quando socialistas, comprometidos com uma outra sociedade mais justa, criaram o Partido
Socialista Português, em articulação com o movimento dos trabalhadores, em termos internacionais. Mas foi
com Mário Soares que esse valor, que foi sublinhado pelo Sr. Deputado Telmo Correia, merece ser destacado.
É que as sociedades pulsam entre dois valores fundamentais: pulsam entre o valor da liberdade e o valor da
igualdade. Quem tem melhores condições, físicas, intelectuais e materiais, avança, e há aqueles que, à mingua
delas, ficam para trás.
Por isso, a sociedade pulsa entre estes dois valores: o valor da liberdade e o valor da igualdade.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, tem de concluir.