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22 DE ABRIL DE 2021

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transferência de responsabilidades para as autarquias não aconteça efetivamente, porque isso poderia significar

ficarmos com portugueses a não serem vacinados apenas porque a autarquia do seu concelho não tem

condições para participar nas condições de disputa profissionais para a sua contratação.

Sr. Deputado José Luís Carneiro, parece-nos que a solução é muito óbvia: romper a dependência, criando

condições para que Portugal possa produzir vacinas, fazendo o investimento que é necessário para isso, e

diversificar a aquisição de vacinas, contratando a aquisição de vacinas a quem as produz, independentemente

das limitações que a União Europeia possa estar a colocar, sejam vacinas indianas, russas, chinesas, sejam de

quem for. Há muitas vacinas que a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhece poderem ser utilizadas

neste momento, e essa contratação devia ser feita. Por outro lado, dever-se-á assegurar a capacidade para que

a vacinação em Portugal seja feita abrangendo todos os portugueses.

Gostava de saber qual é a perspetiva que o Sr. Deputado José Luís Carneiro entende que devia ser traduzida

nesta questão concreta em relação a esta matéria.

Para terminar, quero referir a questão relacionada com a corrupção, porque o Sr. Deputado fez referência

aos valores democráticos, e o combate à corrupção é o combate da democracia, porque só na democracia é

que a corrupção é um problema.

Nós ouvimos há pouco o Sr. Deputado da vergonha falar na corrupção, sem que o Sr. Deputado da vergonha

tenha lavado a boca para falar da corrupção quando tratamos de um problema que é, verdadeiramente, um

problema da democracia. Porque, antes do 25 de Abril, a corrupção era política do Estado e a fusão entre o

poder político e os interesses económicos era silenciada…

Aplausos de Deputados do PS.

Mais, aqueles que, antes do 25 de Abril, ousavam denunciar a corrupção eram perseguidos pelo poder

fascista, pelo regime fascista, que perseguia, prendia e torturava todos aqueles que denunciavam e procuravam

dar combate à corrupção.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Concluo, Sr. Presidente.

A corrupção é, de facto, um problema da democracia e é um combate que a democracia tem de travar. Nesse

combate à corrupção insere-se a necessidade de tomada de medidas legislativas, nomeadamente a da

criminalização do enriquecimento injustificado.

Queria, pois, saber se, a partir daquela retrospetiva que o Sr. Deputado fez sobre a história do Partido

Socialista, desta vez o PS vai acompanhar o PCP no combate pela criminalização do enriquecimento

injustificado.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder aos pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr.

Deputado José Luís Carneiro.

O Sr. José Luís Carneiro (PS): — Sr. Presidente, começo por responder a esta última questão, que é

bastante relevante no plano da qualificação da vida democrática, da nossa vida coletiva.

O Partido Socialista — já foi afirmado pela liderança desta bancada parlamentar — não apenas esteve, no

passado, disponível para garantir historicamente a autonomia do Ministério Público e a independência dos

tribunais, assegurando uma separação entre o poder político e o poder judicial, como sempre esteve,

historicamente, ao lado dos que procuraram densificar o quadro legislativo para não só se combater a corrupção

mas para a prevenir, como acompanhou as medidas que estão em curso que visam atualizar esse quadro

normativo, como manifestou abertura para aperfeiçoar o regime que já atribui maiores, mais amplas e mais

complexas responsabilidades às responsabilidades declarativas dos titulares de órgãos políticos ou de altos

cargos públicos, tal como foi hoje afirmado pelo nosso grupo parlamentar.