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I SÉRIE — NÚMERO 57

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O Sr. Presidente (António Filipe): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado

Pedro Filipe Soares, do BE.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado José Luís Carneiro,

queria, em primeiro lugar, saudar a sua intervenção pelo aniversário do Partido Socialista.

Face ao balanço que fez, necessariamente haverá matérias em que concordamos, mas reconhecerá que

haverá também outras em que as nossas divergências são patentes.

Vou apenas, e só, colocar-lhe uma questão, que, sendo de política quotidiana, creio também ser de uma

visão estratégica sobre o Partido Socialista e sobre o horizonte de transformação que prevê para o País.

Alguns membros do Partido Socialista colocaram uma pergunta óbvia no atual quadro político-partidário: se

o Partido Socialista, que governa desde 2015 até 2019 depois de um acordo com os partidos à esquerda, teve,

nesse momento, uma afirmação estratégica firme, orientadora dos seus ideais, ou se, face a esse acordo, se

tratou apenas, e só, de um hiato temporário muito conjuntural em que virou mais à esquerda quando até gostaria

de ter estado um bocadinho mais à direita.

Essa pergunta é fundamental quando analisarmos o concreto das escolhas quotidianas na atualidade, porque

dificilmente o mesmo Partido Socialista e o mesmo Governo, que entre 2015 e 2019 faziam gáudio da

recuperação de rendimentos, do aprofundamento da defesa do Estado social, da valorização de direitos do

trabalho — falaram muito dos direitos do trabalho —, faziam uma guerra ao Parlamento, como aconteceu no

último mês. Isto porque, num momento difícil de uma pandemia que está a afetar o País com uma crise brutal

do ponto de vista económico e social, o Parlamento teve a coragem de fazer o que o Governo não fez, que foi

garantir apoios sociais a quem o Governo os tinha negado, apoios sociais esses que eram fundamentais para

que as pessoas não ficassem para trás, não caíssem na pobreza.

Pergunto, então, qual é o legado, na intervenção que fez e nas respostas que está a dar, que quer aqui

valorizar. Se é esse legado de aprofundamento de direitos, de valorização de rendimentos, ou o legado de um

Governo que, numa pandemia brutal, na maior crise que nós conhecemos desde a Segunda Guerra Mundial,

está no pódio dos que, na Europa, menos apoiam a economia, menos defendem as pessoas, e que está na

liderança dos que atacam o Parlamento. É que o Parlamento defendeu as pessoas e reforçou os apoios sociais.

Creio que esta é a pergunta fundamental para que as pessoas possam perceber qual é o Partido Socialista

que hoje está a comemorar o seu aniversário.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João

Oliveira, do PCP.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Luís Carneiro, queria, em primeiro lugar,

cumprimentá-lo pela sua declaração política e pelo aniversário do seu partido.

O Sr. Deputado concentrou-se mais numa retrospetiva do que foi a história do Partido Socialista. Gostava de

colocar-lhe duas questões, uma sobre vacinas e a outra sobre corrupção, mais para perceber como é que, em

concreto, a partir destes dois exemplos, o Sr. Deputado entende que o PS deve procurar dar corpo, no presente

e com perspetiva de futuro, àquela retrospetiva histórica que fez.

Começo pela questão das vacinas. O problema das vacinas é, neste momento, talvez, um dos problemas

que, de forma mais evidente, revela vários dos problemas que o País atravessa. Temos um País dependente

do estrangeiro, que não consegue produzir vacinas no seu território e precisa de comprar vacinas produzidas

noutros sítios. Temos um País amarrado a decisões tomadas pela União Europeia de contratação de vacinas

apenas a determinado número de farmacêuticas, com o Governo a depositar na União Europeia a capacidade,

a competência e a responsabilidade pela celebração desses contratos de fornecimento das vacinas. Temos,

objetivamente, uma situação em que o País não tem as vacinas de que necessita para vacinar os seus cidadãos

de modo a cumprir as metas do plano de vacinação tal como tinham sido definidas. Temos, inclusivamente, o

Governo a adiar a contratação de profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros, necessários para a

vacinação, ou a procurar que sejam outros, como as autarquias, a fazer essa contratação. Esperemos que esta