22 DE ABRIL DE 2021
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O que se fez aqui foi importar modelos de outros sítios e aplicá-los sem saber quem é que lá estava. É como
se eu comprasse um fato à distância, na Ásia, e achasse que ia servir à pessoa que lá mora. Obviamente, isso
não funciona, não serve. Temos de ouvir, ouvir, ouvir comerciantes, moradores e as pessoas que trabalham na
Baixa.
Ainda por cima, estamos a falar aqui da Baixa, da nossa Baixa Pombalina! A Baixa Pombalina que foi primeira
cidade verde, o primeiro jardim público, o primeiro plano de pormenor pensado, um património inacreditável, um
rasgo de modernidade em que conseguimos estar à frente de todos os outros.
Se, realmente, querem preservar a Baixa, porque é que deixaram cair a candidatura da Baixa a património
mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura)? Porque é que
deixaram cair essa candidatura? Era uma candidatura inovadora e entendia a Baixa como um património vivo,
como foi desenhada e pensada, ou seja, como um património vivo onde as pessoas vivem, têm os seus
comércios, as suas casas e vão trabalhar.
Como é que isso se faz? Tem de ser com as pessoas, concordamos com isso, tem de se perceber as
necessidades, mas o que se passa na Almirante Reis é incompreensível! Portanto, volto a dizer que tudo isso
tem de ser feito com as pessoas que vão contribuir, vão ajudar-nos realmente a dignificar a Baixa Pombalina, a
Avenida da Liberdade e, também, a continuarmos com o pensamento pioneiro de Gonçalo Ribeiro Telles, de
quem assumimos, verdadeiramente, a herança. E chamo-o a esta discussão porque desenhou o Plano Verde
de Lisboa, imaginando-a como uma cidade verde num todo — já em 1967 estava a escrever sobre os problemas
da cidade verde—, e, obviamente, também porque foi fundador, com Francisco Sá Carneiro, da Aliança
Democrática, e foi ministro de Francisco Balsemão.
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Cá está a ligação à Assembleia da República.
A Sr.ª Filipa Roseta (PSD): — Assumimos o seu discurso na sua inteira integridade, pela simples razão de
que era isto que ele dizia: o ambiente, a cultura, a relação das pessoas com a cidade faz-se com elas e não
contra elas. É assim que se faz!
E é assim que Carlos Moedas tem falado todos os dias…
Protestos de Deputados do PS e do PCP.
… e é assim que ele vai continuar a falar até ao dia em que Lisboa tenha efetivamente novos tempos, nova
oportunidade e volte a ser colocada no patamar em que esteve.
O Sr. Jorge Costa (BE): — Gato escondido com rabo de fora!
A Sr.ª Filipa Roseta (PSD): — Uma coisa interessante, Srs. Deputados: Ursula von der Leyen apela-nos a
pensar numa nova Bauhaus europeia, numa cidade onde a cultura, ciência, progresso e economia estão juntos,
em nome de um mundo mais verde, mais sustentável.
O que eu gostava era que nós, todos juntos, disséssemos a Ursula von der Leyen que a Baixa Pombalina foi
a primeira Bauhaus europeia, séculos antes da que foi inventada no princípio do século XX e exterminada pelo
nacional-socialismo de Adolf Hitler.
A Baixa Pombalina foi a primeira Bauhaus europeia e nós vamos continuar a lutar para que ela exista e seja
salva em toda a sua dignidade e modernidade como primeira cidade verde de Portugal e como uma cidade
desenhada com as pessoas e não contra elas!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Duarte Alves, do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Ai do Moedas que não cumpra com o discurso!