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I SÉRIE — NÚMERO 59

20

O populismo e a demagogia, fortissimamente financiados, ganham força de forma insidiosa e os Estados

Unidos da América escaparam por pouco.

Os desafios que o futuro nos reserva são imensos. São globais, complexos e interdependentes. Exigem

uma sólida união de esforços e de recursos. Ou nos ajudamos mutuamente ou naufragamos todos juntos. É

essa também a lição da pandemia.

A emergência climática, as desigualdades obscenas, as novas e antigas doenças, a insegurança laboral, a

transição demográfica e os conflitos armados não podiam ser mais evidentes.

Vai ser muito difícil cumprir o acordo climático de Paris.

Prevê-se que dois terços das futuras doenças infeciosas sejam transmitidas dos animais ao homem.

A escravatura atual é diferente e deixou de ser encapotada.

As previsões apontam para alterações demográficas profundas com impactos desconhecidos na

organização das sociedades.

Precisamos de conhecimento, muito mais conhecimento, muito mais partilhado e em todos os domínios.

Aplausos do PS.

O digital vai ajudar muito, mas não chega.

Os investimentos necessários serão enormes, é certo, mas ninguém duvide: a ignorância é muito mais

cara.

Sem a confiança dos cidadãos isso não será possível.

Como sempre, é a multiplicidade e diversidade de visões que enriquece o debate democrático. A nobreza

da política está, precisamente, na defesa intransigente da confrontação de ideias, mas também em conseguir

agregar esforços para construir o tal mundo sustentável que todos desejamos. Sempre inspirada na empatia e

na solidariedade e guiada pelo conhecimento e pela coragem, sim, essa coragem destemida que nos permite

renascer todos os dias e para sempre em liberdade.

Aplausos do PS, de pé.

O Sr. Presidente da Assembleia da República: — Sua Excelência o Presidente da República vai agora

dirigir uma mensagem ao Parlamento.

Tem a palavra Sua Excelência o Presidente da República.

O Sr. Presidente da República (Marcelo Rebelo de Sousa): — Sr. Presidente da Assembleia da

República, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.ª e Srs. Presidentes do Supremo Tribunal de Justiça, do Tribunal

Constitucional, do Supremo Tribunal Administrativo e do Tribunal de Contas, Sr. Presidente António Ramalho

Eanes, Srs. Membros do Governo, Digníssimos Convidados, Sr.as e Srs. Deputados, Portugueses:

Passaram, há um mês, 60 anos sobre o início de um tempo que haveria de anteceder e determinar a data

de hoje, aquela que aqui evocamos, 25 de Abril de 1974.

Foi um tempo feito de vários tempos e modos que, para sempre, marcou a vida de mais de um milhão de

jovens saídos das suas terras para atravessarem mares e viverem e morrerem noutro continente ou dele

regressarem, alguns com traços indeléveis na sua saúde.

Foi um tempo que, para sempre, marcou a vida das suas famílias, dos seus lugares, das suas aldeias, das

suas vilas e mesmo das suas cidades, no fundo, de todo um Portugal, durante 13 anos, ou um pouco mais.

Foi um tempo que, para sempre, marcou a vida daqueles que, por opção de princípio, recusaram aquela

partida e rumaram a outros destinos, continuando ou iniciando uma luta contra o que estava e queria

permanecer.

Foi um tempo que, para sempre, marcou a vida dos que, já lá vivendo, idos eles ou os seus antepassados

de terras daquém mar, de lá vieram, no termo desses longos anos, ou lá ficaram e estão para ficar.

Foi um tempo que, para sempre, marcou a vida dos que viveram e morreram do outro lado da trincheira,

para conquistarem o que alcançaram definitivamente, depois do 25 de Abril de 1974.