29 DE ABRIL DE 2021
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Portanto, gostaríamos de perguntar à Sr.ª Ministra se considera que esta é uma forma de lidar com os
processos de participação dos cidadãos e cidadãs, porque, efetivamente, estes ainda estão sem resposta, e
se considera que eles vão ver a luz do dia durante esta Legislatura.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra de Estado e da Presidência.
A Sr.ª Ministra de Estado e da Presidência: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, com toda a franqueza, esse tema não é mesmo da minha área de intervenção. Sei pouco mais do que a Sr.ª Deputada sobre esta matéria
neste momento. O que sei é que quando fazemos projetos experimentais, como o Orçamento Participativo era,
temos de tirar conclusões quando há coisas que precisam de ser melhoradas.
Sei que a Sr.ª Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública está a fazer isso mesmo.
Quando temos um projeto, temos de pensar, desde logo, qual é a entidade que o vai desenvolver e nem
sempre isso é evidente. Nuns casos é, mas, quando não é, nem sempre é fácil. As melhorias estão em curso
e, quanto ao resto, acho que a Sr.ª Deputada tem as respostas.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Ainda dispõe de tempo, pelo que tem a palavra para prosseguir, Sr.ª Deputada Bebiana Cunha.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, uma terceira questão para terminar. Já aqui muito se falou hoje de violência doméstica, que, evidentemente, é um flagelo da nossa sociedade
que precisa de políticas multifatoriais. Reconhecemos que há caminho feito, mas há ainda muito por fazer e
um dos aspetos que falta, que hoje não foi sequer falado e que o PAN tem procurado trazer a debate, prende-
se com o facto de as nossas casas-abrigo de vítimas de violência doméstica não estarem ainda preparadas
para acolher os animais de companhia das vítimas.
Em 2020, obtivemos uma resposta do Governo dando nota de que estava a ser feito o levantamento
exaustivo para perceber quantas casas-abrigo, na rede que existe em Portugal, estavam preparadas para
receber também os animais das vítimas. Em 2021, vimos inserido no Orçamento do Estado a proposta de
adaptação de todas as casas-abrigo para que as vítimas não se vejam forçadas a atrasar a sua saída porque
não podem levar o animal, colocando-se ainda mais em risco, não podendo deste modo ser apoiadas
emocionalmente por esses animais.
Portanto, gostaríamos de saber qual é o ponto da situação, Sr.ª Ministra.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade.
A Sr.ª Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, de facto, esse é um compromisso presente na Lei do Orçamento do Estado.
A Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género tem estado precisamente a proceder a um
levantamento e análise, junto das várias estruturas, quanto à complexidade que envolverá esta dimensão e
prática de acompanhamento, desde logo, as questões do transporte dos animais, porque temos um sistema
montado para o transporte de vítimas. Uma vítima que é vítima num concelho vai para um outro concelho e,
portanto, há um conjunto de dimensões de logística que são muito complexas, de segurança e de
confidencialidade.
Portanto, isso está em estudo, é um trabalho que envolve necessariamente as equipas que estão no
terreno na gestão destas estruturas e destes processos.
De qualquer forma, e como terá certamente conhecimento, já antecipámos essa situação introduzindo nas
fichas, nos modelos únicos que as estruturas também passam a preencher, a questão da presença de animais
e, inclusivamente, de situações de agressores que, como sabemos, também agridem os animais de
companhia das vítimas como forma de pressão e terrorismo psicológico.
Portanto, vamos desenhar esse projeto dentro das complexidades que referi.